Sucesso entre o público gay, funkeira ousa nas letras para brilhar nos EUA

Uma cantora de Santos, no litoral de São Paulo, tenta conquistar o público nos Estados Unidos com letras ousadas e de duplo sentido. Adepta do funk, Giovanna Avino, conhecida como MC Gi, já conquistou fama entre o público LGBT brasileiro e, agora, embarca para a América do Norte para tentar a sorte e alcançar o sucesso internacional.

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Aos 25 anos, ela aceitou um convite de alguns empresários para ir, junto com a banda, apresentar seu trabalho no exterior. “É algo que sempre sonhei. Cantar funk com uma banda é diferente, mas o pessoal vai gostar. Conheci os integrantes do grupo entre os meus fãs e algumas pessoas com quem trabalhei durante minha carreira”, explica. Além da cantora, a banda conta com Judaz Mallet, Caio Gaona e Thiago Prisley.

A música fez parte da vida da funkeira desde cedo. “Quando eu tinha uns cinco anos, fiz uma música de brincadeira, nada sério, mas ficou muito legal. Um músico amigo da família chegou a pegar um trecho e usar em uma canção. Ele me plagiou”, brinca.

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Com o tempo passando, a cantora passou a tentar viver apenas da música, só que com um ritmo bem diferente do funk. Antes de se tornar a MC Gi, ela queria ter uma banda de rock. “No Ensino Médio eu ficava deslocada. Estudava em escola pública e muita gente gostava de funk. Eu tinha um estilo diferente”, revela.

Em meados de 2007, ela foi introduzida no ritmo. Enquanto procurava por um baterista, encontrou seu mentor no funk. Também cantor, MC Thales viu potencial em Giovanna e pediu para ela gravar uma canção. “Eu fiz uma letra brincando com a dengue e gravei a minha primeira música, o ‘Funk do Mosquito’. Ficou muito legal e a galera gostou”, lembra MC Gi, que depois não perdeu mais o contato com o funk e manteve seu estilo debochado e ousado nas letras que compõe. Um dos sucessos de MC Gi, ‘México Caliente, tem mais de 100 mil visualizações no Youtube.

Aos poucos, a cantora foi encontrando seu espaço, em um nicho que não é conhecido por abrigar muitas mulheres. Durante a carreira, MC Gi acabou conquistando um público que não esperava, o LGBT. “Eles se identificam com as minhas letras, que falam sobre sexo, mas de uma forma subjetiva, sem apelar ou ofender. Fui percebendo que esse público frequentava os meus shows e acabei me identificando com ele. Não levanto bandeiras nem sou uma ativista, mas passei a ver essa questão com outros olhos”, explica.

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Viajando pelo Brasil, Giovanna diz que já ouviu muitas histórias marcantes de fãs. “Certa vez, um fã me abordou dizendo que assumiu para os familiares que era gay com uma música minha. Ele contou que estava em uma festa quando, de repente, colocou uma das minhas canções, começou a dançar e revelou que era homossexual. Fiquei pensando nisso. Ajudei uma pessoa a ‘sair do armário'”, revela.

Gi também gosta de dar opiniões sobre letras mais explícitas, principalmente cantadas por crianças, como no caso de MC Pedrinho, que foi proibido pelo Ministério Público de fazer shows. “Eu, particularmente, não sou fã. Não acho que seja necessário passar esse tipo de mensagem. No entanto, não vejo problema em crianças cantando funk. Se é isso que ela quer e obedecer todas as regras, não vejo nada de errado”, finaliza.

 

Por: G1