Um dos nomes mais valorizados no mercado de arte brasileiro, Britto Velho é homenageado com uma Sala Especial na Galeria Belas Artes, em Porto Alegre. A mostra fica aberta à visitação pública até o dia 27 de julho, em horário comercial. O objetivo dos marchands Patricia Karam e Ronaldo Karam é chamar a atenção para a obra de um artista plástico que produz incessantemente e cuja obra, de elevada fatura técnica, é alvo do interesse de colecionadores, pesquisadores e apreciadores da arte, em geral.
A Sala Especial da Galeria Belas Artes exibe 10 obras da recente produção de Britto Velho, em médios e grandes formatos, na técnica acrílico sobre tela. Dono de um traço inconfundível, seu universo imagético é povoado por figuras de anatomia onírica e um colorido vibrante. Estas figuras que pinta, nem sempre identificáveis, surgem da atenta observação de elementos do cotidiano, que se redimensionam quando misturadas a fragmentos de corpos humanos. Britto Velho tem esta capacidade. Antropomorfiza tudo: objetos, animais, plantas. “Recrio e crio formas. Tenho uma despreocupação pela anatomia, mas tenho uma preocupação com a forma, com a geometria”, afirma.
Metódico, Britto Velho compara seu processo de criação ao de um operário: acorda às seis da manhã e pinta até a hora do almoço. Depois de uma breve pausa, retoma os pincéis e só descansa às 19h, quando relaxa, ao lado de Zuneide, sua companheira há 43 anos, “entre namoro e casamento”, faz questão de frisar. Em seu atelier, no bairro Santana, dá aulas para uma turma de oito alunos, às quartas-feiras, há 18 anos.
Nestes 48 de profissão, Britto Velho realizou mais de 45 individuais, no Brasil e no Exterior. Passou por várias fases, “mas nunca fui abstrato”, ressalta. Isto porque a figura humana lhe atrai, de forma especial. “Nos últimos 25 anos, consolidei uma linguagem marcada pela cor, pela criação de novos seres, pela ludicidade, pelo volume, em uma proposta de um novo mundo, no qual estão presentes a alegria, a espiritualidade, a magia”, comenta o artista. “Eu falo da vida e acho que tem saída para o atual estado de coisas”, pondera.
SERVIÇO:
O Quê: Sala Especial em homenagem à Britto Velho. Exposição reunindo 10 pinturas em médios e grandes formatos
Quando: Até 27 de julho de 2015. Visitação de segunda a sexta, das 9h às 12h e das 14h às 19h, e sábado das 9h30min às 13h
Onde: Galeria Belas Artes (Cel. Bordini, 907), Fone / 33882915, Porto Alegre
Quanto: Entrada franca
Sobre Britto Velho
Carlos Carrion de Britto Velho (Porto Alegre, 1946) é pintor, gravurista e professor. De formação autodidata, estudou em Paris, na Gráfica Desjobert, e em Porto Alegre, com Danúbio Gonçalves. Residiu por 10 anos em Buenos Aires, onde acompanhou a eclosão das vanguardas na década de 60, e por sete anos em São Paulo, antes de radicar-se novamente em Porto Alegre. Desde os anos 70 vem desenvolvendo ativa carreira no Brasil e no Exterior, participando da Bienal de São Paulo e muitos outros eventos importantes, além de realizar inúmeras exposições individuais em diferentes museus e galerias.
Seu trabalho, que partiu de uma matriz pop e se desenvolveu incorporando traços do surrealismo, já foi objeto de estudo de Marilene Burtet Pieta (em A Modernidade da Pintura no Rio Grande do Sul) e de Maria Lúcia Kern, Mônica Zielinsky e Icléa Borsa Cattani (em Espaços do Corpo). Suas obras figuram em coleções privadas e públicas em diversas partes do mundo.
Por: Silvia Abreu