É difícil imaginar o que poderia ser maior inimigo que a própria irmã de Deus, mas a série “Supernatural” estreia sua 12ª temporada no Brasil nesta terça-feira (1º) no Warner Channel enfrentando seu maior desafio: como continuar relevante após tanto tempo. Após impedirem que a Escuridão destruísse a existência em seu 11º ano, os irmãos Winchester trazem a narrativa de volta para a família com a ressurreição de sua mãe, Mary.
“Essa próxima temporada será mais pessoal. Não posso falar muito sobre ela, mas será um pouco menor”, explica o produtor executivo Jim Michaels em entrevista por telefone ao G1. “A última foi um grande arco no ano todo, e isso foi um pouco cansativo. Por isso diminuiremos a escala”, diz ele, que estará no Brasil pela terceira vez em dezembro para participar da Comic Con Experience (CCXP), em São Paulo.
Com isso, ao longo dos próximos 23 episódios, “Supernatural” focará no relacionamento de Dean (Jensen Ackles) e Sam (Jared Padalecki) com a mãe (Samantha Smith), que volta à vida após morrer quando ambos eram ainda crianças. Outro grande personagem que retorna à série é Lúcifer. O anjo caído, ávido por explorar sua nova condição de liberdade, possui um roqueiro interpretado por alguém que conhece a experiência na vida real — a experiência de um músico, é claro.
“Teremos Rick Springfield como participação especial interpretando o próprio diabo e isso foi demais. Trabalhamos duro para conseguir um espaço na agenda dele, o homem faz turnê para burro”, diz Michaels sobre o cantor, que foi visto recentemente na TV na segunda temporada de “True detective”.
“Também abrimos uma nova porta com o ramo britânico dos Homens das Letras”, diz ele, sobre a organização misteriosa que parecia extinta no universo da série. “Vamos apenas dizer que eles são mais discretos e não estão nada felizes com a maneira como os dois têm lidado com seus negócios.”
Presente e futuro
Ele conta que são os novos fãs que mantém a série viva. “Sabe, estamos no ar há tanto tempo que já temos toda uma nova geração de fãs”, diz. “Temos toda essa geração Y que descobriu o show agora, foi à internet e assistiu tudo. É por eles que estamos fazendo essa 12ª temporada e é por eles que, confrontados com a possibilidade de uma 13ª e uma 14ª, pensamos ‘por que não?’.”
E os atores, garante, estão a bordo por no mínimo mais dois anos. Com o aumento dos papéis de Castiel (Misha Collins) e de Crowley (Mark Sheppard), Ackles e Padalecki conseguiram menos tempo de tela — o que significa mais tempo em casa com as famílias. “Acho que na 11ª temporada eles tiveram mais tempo livre que em todos os cinco primeiros anos. Isso ajuda a mantê-los interessados e descansados”, explica.
O interesse dos astros ajuda, mas não é o único motivo da longevidade da série, que encontrou no mercado internacional sua principal base de fãs. Em momentos em que a audiências doméstica não andava bem, foi o público estrangeiro que garantiu a sobrevivência da série.
Algo surpreendente para uma narrativa tão centrada nos Estados Unidos, no qual um par de irmãos viaja o país num Impala combatendo monstros e ameaças sobrenaturais. “No fundo, somos uma série sobre família, sobre amor. E isso é algo que se traduz facilmente para qualquer língua ou costume, mais do que qualquer outro programa. Tem muita gente que se sente só no mundo. Assim como nosso público, os Winchesters também estão sozinhos. Eles têm apenas um ao outro.”
Serviço para fãs
Enquanto discutia o que ainda falta para os irmãos, Michaels deixou escapar algo que pode agradar aos fãs que ficaram tristes com a despedida de um dos personagens mais queridos do público.
“Somos provavelmente a série por aí que tem mais contato direto com os fãs. Ouvimos o que eles querem e o que não gostam. Uma das coisas que eles mais odiaram com certeza foi o que fizemos com a Charlie (Felicia Day)”, afirma.
No entanto, é importante lembrar que a morte não é algo definitivo na série. Os próprios irmãos Winchester já voltaram à vida inúmeras vezes. ”Criamos um mundo com regras nas quais podemos fazer quase tudo. Nós ouvimos os fãs, não os ignoramos. Eles nos falam quando gostam de algo, e deixam claro quando não gostam”, diz.
Resta só saber como isso afetará a nova ceifadora Billie (Lisa Berry), personagem que parece ter assumido o lugar da Morte após, bem, sua morte, e que já deixou claro que a ida para o outro mundo passará a ser definitiva. “Ah, ela com certeza manterá essa atitude e vocês ainda verão muito dela. E isso é tudo o que eu posso dizer.”
Por: G1