Após estrear e promover mais duas temporadas em São Paulo este ano, a gaúcha Elisa Volpatto chega a Porto Alegre com o Vulcão [criação e pesquisa cênica] para as apresentações de Pulso, dirigido por Vanessa Bruno, entre 09 e 18 de dezembro, de quinta a domingo sempre às 20h, na sala 503 da Usina do Gasômetro.
Pulso é uma pesquisa e criação teatral a partir da vida e obra do ícone da Poesia Confessional norte-americana, Sylvia Plath, construído das indagações da diretora à atriz, que respondeu cenicamente. Valendo-se de materiais como as biografias A Mulher Calada, de Janet Malcolm e Ísis Americana – A vida e a arte de Sylvia Plath, de Carl Rollyson, Os Diários de Sylvia Plath, organizado por Karen V. Kukil e também o mais importante livro de poemas de Sylvia, Ariel, a atriz organizou a dramaturgia do espetáculo.
Mantendo a poética particular da autora, o solo explora, para além do feminino, as vicissitudes de todo e qualquer ser humano a partir, ora de fragmentos biográficos da escritora, ora das potências que sua obra desdobra. O espetáculo se passa durante o último dia de vida da poetisa para revelar, em tom confessional – característica determinante da literatura da Sylvia Plath –, memórias e devaneios de alguns dos momentos de sua vida.
Para Vanessa, a montagem não se pretende linear, mas, fragmentada, com lógica própria. “A linguagem cênica contemporânea articula-se com literatura poética da vida e obra de Sylvia Plath para a construção de um trabalho intimista”, conta ela. Já Elisa explica que o espetáculo busca questionar, por meio do material artístico criado a partir de Sylvia, o próprio papel da artista feminina atualmente.
Café, ovo e bebida alcoólica
A ideia de levar Sylvia Plath aos palcos partiu de uma vontade da atriz de falar da criação artística dentro de um universo feminino. “Sylvia Plath tem uma forma de escrita única, que só existe devido à influência do ambiente que a circunda. Imagine uma mulher tentando ser poeta na década de 1950, quando o comum era ficar em casa cuidando dos filhos”, conta.
O cenário é composto por um fogão e uma cadeira, que delimitam o espaço de jogo da atriz. Objetos caseiros como xícaras, pratos, panos e copos compõem um ambiente familiar, encarcerando a personagem. Um clima sensorial é criado quando cheiros – de café, ovo quebrado e bebida alcoólica – invadem o ambiente intensificando a relação da atriz com o material artístico criado. A interferência de vídeo e trilha sonora também contribui para a construção de uma atmosfera onírica.
Além da temporada, Elisa e Vanessa ministram a oficina Sala de Ensaio Autoras em Cena, durante os dias 13, 14 e 15. A diretora desde 2010 vem pesquisando procedimentos de transposição da literatura para a cena, inicialmente a partir da obra de Clarice Lispector, o que resultou em seu trabalho de mestrado. A pesquisa ampliou-se para processos com outras autoras, como Sylvia Plath no espetáculo Pulso e também com Marguerite Duras no espetáculo A Dor. Esse deslocamento da literatura para a cena tem sido o objeto maior de investigação do Vulcão [criação e pesquisa cênica] que já projeta novos trabalhos para 2017 a partir das obras Orlando, de Virginia Woolf e de mais dois textos de Clarice, Água Viva e Águas do Mundo. As inscrições custam R$ 200,00 e devem ser realizadas através de envio de breve CV e carta de intenção para pulsoplath@gmail.com
A montagem, que teve parte de seu orçamento financiado por uma campanha de crowdfunding no final de 2015, promoverá para os colaboradores gaúchos do projeto uma sessão especial no dia 08 de dezembro. As apresentações abertas ao público em geral têm ingressos a R$ 30,00 com meia entrada para estudantes, classe artística e maiores de 60 anos. Para saber mais, acesse: www.facebook.com/pulsoplath | http://www.vulcao.art.br/
Pulso – a partir da vida e da obra de Sylvia Plath
De 09 a 18 de dezembro, de quinta a domingo, 20h
Sala 503 Usina do Gasômetro – Av. Presidente João Goulart, 551
Ingressos a R$ 30,00 – venda no local
Descontos de 50% para estudantes, idosos e classe artística
Por: Bruna Paulin