Em coletiva de imprensa realizada na última semana, no MARGS – Museu de Arte do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre/RS, o presidente da instituição, Gilberto Schwartsmann, anunciou o nome do curador Alfons Hug como responsável pelo projeto curatorial da 11ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul. A próxima edição também já tem data para acontecer: será realizada de 05 de abril a 04 de junho de 2018.
O crítico de arte e curador Alfons Hug será o responsável pelo projeto curatorial da 11ª edição e sua direção artística. Hug nasceu em Hochdorf, na Alemanha e estudou Linguística, Literatura Comparada e Cultura em Freiburg, Berlin, Dublin e Moscou. Atuou nas Bienais de Veneza, São Paulo, Curitiba, Montevideo, Dakar e na Bienal do Fim do Mundo (no sul da Argentina), bem como em uma série de projetos de grande envergadura cultural na Alemanha, Singapura e Índia. Dirigiu o Goethe Institut em Medellín, Brasília, Caracas, Rio de Janeiro e Moscou. Atualmente, dirige o Goethe Institut em Lagos, Nigéria. Seu projeto curatorial concebido para a Bienal do Mercosul denomina-se O Triângulo do Atlântico e fundamenta-se nas influências culturais dos três vértices históricos da América Latina – as matrizes europeia, americana e africana.
A Bienal de Artes Visuais do Mercosul – que tradicionalmente acontece nos anos ímpares – dessa vez será realizada em 2018. Isso se deve em decorrência da crise econômica brasileira – o que inviabilizou a realizaçã o da 11ª Bienal do Mercosul em 2017- e, também, porque espaços tradicionais de exibição, como o MARGS – Museu de Arte do Rio Grande do Sul e o Santander Cultural, já estão com suas agendas fechadas para ano que vem. “A despeito dos desafios decorrentes da conjuntura econômica do país, já estamos trabalhando na previsão orçamentária e no engajamento de empresas, parcerias e comunidade, para que ela aconteça em sua plenitude”, afirma o presidente da nova gestão, Gilberto Schwartsmann. O presidente também declarou que a 11ª Bienal vai trabalhar com um valor orçamentário inicial de R$ 3 Milhões: “um orçamento modesto, porém, realista. Se houver a confirmação de fundos extras no decorrer da captação de recursos, poderemos expandir alguns componentes da Bienal e ampliar o orçamento”, diz Schwartsmann.
Em princípio, a 11ª Bienal contará com três locais de exibição: MARGS, MAC/RS – Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul e Santander Cultural, além de algumas intervenções temporárias ainda não definidas nos espaços públicos do Centro da Capital Gaúcha.
A 11ª Bienal do Mercosul, assim como as anteriores, terá um amplo programa educacional, envolvendo parcerias com universidades e demais instituições culturais. Uma área de grande interesse envolve estudos para uma completa versão digital da exibição. “Esta estratégia poderá trazer um novo olhar sobre a Bienal, com maior inclusão de indivíduos que normalmente não visitam a Bienal, mas que desejariam fazê-los. É um poderoso instrumento que dará capilaridade ao evento, permitindo que pessoas interessadas em arte – mas que vivem em regiões mais distantes – possam ter acesso à Bienal virtualmente. A ferramenta digital também vai gerar discussões temáticas sobre a incorporação de novas linguagens e meios de comunicação no mundo da arte”, declara o presidente.
Outro ponto dessa edição será o aprofundamento das discussões dos conteúdos programáticos da 11ª Bienal em áreas afins do conhecimento, como por exemplo, a criação de uma programação musical ou literário com base na temática O Triângulo do Atlântico e seus desdobramentos na música e na literatura contemporâneas. “Uma vez que um dos vértices do projeto é a contribuição artística do continente Africano à arte contemporânea, o tema ‘arte africana contemporânea’ será trabalhado em maior profundidade em seminários, palestras e debates”, explica Schwartsmann.
O programa visa também manter atividades culturais não apenas durante a Bienal, mas ao longo de todo o período de sua realização. A ideia é buscar provocar reflexões sobre a relação das Bienais com o ambiente onde ela é realizada. Como contar às pessoas o que a Bienal já fez ou o que tem incorporado à nossa paisagem e nosso cotidiano? A população reconhece as marcas da Bienal em Porto Alegre? Poderíamos criar um caminho das Bienais? A Bienal pode nos ajudar a contar a nossa história? A Bienal tem deixado marcas reconhecíveis do que somos? Quais os referenciais estéticos que Porto Alegre nos oferece? A Bienal pode nos ajudar a identificar estes elementos? Qual a nossa relação com os demais países do Mercosul? Estes temas poderão ser abordados em discussões, palestras e seminários ligados à Bienal.
Para Schwartsmann, a 11ª edição da Bienal do Mercosul deve buscar contemplar o público em toda a sua diversidade. “Traremos à discussão um olhar sobre as várias Bienais que convivem em cada Bienal. A Bien al dos artistas visuais e do mundo da arte; a Bienal dos que não possuem formação específica em arte, mas a amam e se comovem com ela; e, por fim, a Bienal dos que tem pouco ou nenhum acesso formal à arte, mas que merecem desfrutá-la tanto quanto os demais. A função da Bienal será a de aproximar esse público da vivência artística e estética, pois a educação e a cultura são os mais eficientes instrumentos de redução de desigualdades e recuperação da dignidade e autoestima”, declara.
Por: Adriana Martorano