O terceiro disco de Maria Gadú, chamado “Guelã”, saiu em 2015 e pode ser considerado o trabalho mais pessoal, ousado e intimista da sua trajetória. Os shows da sua turnê, elaborados a partir de um cenário escuro e com pouquíssimas luzes, também surpreenderam muita gente e acabaram virando o CD e DVD “Guelã Ao Vivo”, que chegou às lojas no final do ano passado. O registro, um retrato fiel da sublime experiência proporcionada ao vivo, será a grande atração por trás do espetáculo que a cantora vai fazer mais uma vez no Opinião, no dia 24 de junho. Em cima do palco, Maria Gadú terá apenas a companhia do violoncelista Federico Puppi, do baixista Lancaster Pinto e do baterista Felipe Roseno para recriar o ambiente introspectivo de “Guelã”, executando todas as suas principais composições, como “trovoa” (https://youtu.be/DNO_rRiYkGM)
MARIA GADÚ (POR MARIA GADÚ)
Esse registro fecha um ciclo, uma etapa. Foi um passo importante pro caminho que quero traçar baseado no que posso aprender, degustar e assim externalizar em palavras e sons. Venho me questionando e colocando à prova todo o conhecimento adquirido ao longos dos meus 30 anos. “Guelã” é mutação. O registro serve pra explicitar o quanto poderei mudar hoje e amanhã.
“Guelã Ao Vivo” é composto pelo show, realizado em São Paulo, minha terra natal, um documentário sobre o processo criativo que intitulamos “a terceira asa” e um videoclipe da canção “trovoa”. A ideia e a concepção das formas e cores foram dirigidas por mim e Lua desde o início, quando ainda em nossa casa arquitetávamos esse voo. Lua veio, ao longo de quatro anos, registrando informalmente nosso dia a dia e resolvemos compilar essas imagens pra contar a história do álbum e do show.
Nessa época, minha casa virou um parque de diversões, literalmente. Ao mesmo tempo em que a gente se divertia inventando coisa e descobrindo sons, vinha medo, insegurança, angústia. Tentando aprender a lidar com os novos brinquedos, saber das manhas, das jogadas. Foi bom. Até passou pela minha cabeça chamar o álbum de “terceira asa”. Era um rascunho de caminho, em que as músicas não tinham nem nome ainda. Mas ficou nítido perceber como é que uma ideia progride. Foi a primeira vez em que eu estava entendendo tudo isso.
Quando chegou a hora do estúdio, minha voz estava ruim à beça. Foi difícil e doeu muito gravar esse disco, um desafio. Não fiquei satisfeita, mas deixei como estava. Não tinha nenhum ímpeto mentiroso, ia ficar do jeito que tivesse que ficar. E as coisas foram acontecendo, a gente foi construindo aos poucos. Depois, a Lua trouxe toda a cara estética da ave, que nasceu de um dicionário indígena que eu encontrei pelos livros que estava lendo. A ave se chamava guelã, que me lembrou o livro que mamãe leu pra mim quando era pequena, chamado “Fernão Capelo Gaivota”. Eu queria ser ele e aí eu virei a guelã, assim como o disco.
Na hora do show, eu quis tudo no escuro, exatamente como é quando eu fico sozinha. Então, as apresentações de “Guelã” acabaram ficando meio diferentes, pesadas, ásperas. Eu era a ave que queria tocar guitarra elétrica e a gente foi pelo mundo, pelo Brasil, quase naqueles voos de imigração. E só se divertiu, porque tudo é motivo para ficar junto, para dar risada, para chorar, para ficar vivo. O que você imagina vai se moldando pra os lugares que você chega. A energia que rola no lugar. Essa parte é sempre a mais legal.
A gente tentou registrar esse show no Festival de Montreux, mas não deu certo. As coisas não dão certo às vezes e isso é maravilhoso, mesmo assim. Ia ser um DVD, chique e tudo. E assim foi, no dia 11 de agosto, onde tinha que ser, no Centro Cultural São Paulo. Todos gaivotas, numa caixa de pandora, onde a luz é sombra e a música ecoa. E sigo aqui, escolhendo meu próximo bicho.
SERVIÇO
MARIA GADÚ Show de lançamento do CD/DVD “Guelã Ao Vivo” Sábado, dia 24 de junho de 2017, às 20 horas Bar Opinião – Rua José do Patrocínio, 834 – Cidade Baixa – Porto Alegre/RS Abertura da casa: 18:30 Classificação: 14 anos Realização: Opinião ProdutoraINGRESSOS Lote 1: Promocional (valor reduzido, com a doação de 1kg de alimento não perecível, disponível para qualquer pessoa): R$ 45 Estudantes e idosos (desconto de 50%): R$ 40 Inteira: R$ 80 Lote 2: Lote 3: Lote 4: *Os alimentos deverão ser entregues no Opinião, no momento da entrada ao evento. ** Para o benefício da meia-entrada (50% de desconto), é necessária a apresentação da carteira de estudante na entrada do espetáculo. Os documentos aceitos como válidos estão determinados no artigo 4º da Lei Estadual 14.612/14. VENDA ONLINE: www.blueticket.com.br/ PONTOS DE VENDA COM TAXA DE CONVENIÊNCIA (R$5,00): Informações: |