O cantor e compositor Luiz Melodia morreu aos 66 anos na manhã desta sexta-feira (4). Ele estava internado no hospital Quinta D’Or, no Rio de Janeiro, e sofria de um câncer na medula óssea.
Melodia chegou a fazer um transplante de medula óssea e resistiu ao procedimento, mas não vinha respondendo bem à quimioterapia. O câncer voltou e o estado de saúde de Melodia se agravou bastante ontem.
Carioca nascido no morro do Estácio em 7 de janeiro de 1951, Luiz Carlos dos Santos herdou o dom musical do pai, o sambista Oswaldo Melodia.
O pai, no entanto, se opôs de início à carreira musical, que começou mais voltada para a bossa nova e a jovem guarda, até que, depois de chamar a atenção dos poetas Waly Salomão e Torquato Neto, compôs “Pérola Negra”, gravada por Gal Costa no disco “Gal a Todo Vapor”, de 1972. Pouco depois, “Estácio, Holly Estácio” ganhou interpretação de Maria Bethânia no disco “Drama”.
Saiu em 1973 o disco de mesmo nome, já com o nome artístico de Luiz Melodia, emprestado do pai do músico. Os discos seguintes consolidaram sua carreira de artista que transitava entre o samba e o soul. Mantendo a irreverência do garoto que tocava iê-iê-iê no berço do samba, Melodia ganhou logo o rótulo de “maldito”, dado a artistas que não obedeciam as regras da indústria.
Entre os anos 1990 e a primeira década do novo século, Melodia foi alternando momentos de evidência com outros de discreta hibernação. De vez em quando, um hit saltava de seus álbuns e o repunha no tablado. Em meados de 2006, convidado para fazer um show especial para o aniversário de 70 anos do Teatro Rival, escolheu um repertório somente com sambas antigos, em homenagem ao pai. O show resultou no delicado “Estação Melodia”, com clássicos de Noel Rosa, Jamelão, Ismael Silva, Wilson Batista, entre outros.
Depois de 13 anos sem um disco de inéditas, Melodia lançou em 2014 seu último trabalho, “Zerima”, uma volta ao samba suingado que sempre foi sua marca.