O ano de 2017 está chegando ao fim, com ele vem o balanço final, onde taxamos tudo que valeu e o que não valeu. Como de praxe, escolhemos os 10 melhores discos nacionais deste ano.
A novidade é o retorno de Guilherme Arantes aos holofotes da crítica, nomes novos no cenários musical brasileiro como Coruja BC1, Djonga e Baco Exu do Blues também estão na lista. O ídolo master da MPB, Chico Buarque, também tem seu lugarzinho garantido com Caravanas.
Na lista abaixo, estão discos lançados entre dezembro de 2016 e novembro de 2017, escolhidos pela nossa redação e parceiros de sites culturais.
1 – Guilherme Arantes – “Flores e Cores”
O vigésimo quarto disco de Guilherme Arantes chegou ao mercado fonográfico em agosto, após quatro anos de produções. Flores & Cores tem um tom retrô, a maioria das músicas lembram os anos 80/70, onde Arantes ganhou fama com músicas como “Meu Mundo e Nada Mais” e “Cheia de Charme“.
Produzido pelo próprio Guilherme Arantes, o disco apresenta 12 músicas e traz uma nostalgia do synth pop brasileiro da década de 80. A harmonia entre guitarras, saxofone e piano é um dos pontos altos do trabalho.
Vale muito a pena conferir o trabalho de Arantes, que aos 64 anos mostra um entusiasmo juvenil e ilumina o paraíso pop do cantor.
2 – Criolo – “Espiral de Ilusão”
Todos sabem que Criolo é oriundo do rap nacional, onde faz duras críticas sociais ao governo. Mas muitos desconhecem o lado sambista do rapper. Após gravar “Linha de Frente”, no disco Nó de Orelha, Criolo decidiu lançar um trabalho de samba raiz.
Espiral de Ilusão gira redondo em torno da roda do gênero centenário, reúne homenagens aos principais compositores. “Lá Vem Você” traz o larará que, a rigor, é o mesmo laiáraiá de Martinho e “Dilúvio de Solidão” derrama “chuva de saudade”, lirismo, melancolia e melodia à moda nobre de Paulinho da Viola.
E quem pensa que o rapper largou as críticas sociais neste disco, está muito enganado. “Eu não quero viver assim a mastigar desilusão / Este abuso social requer atenção / Foco, força e fé, já falou um irmão / Meninos mimados não podem reger a nação” é o refrão de “Meninos Mimados”, bem atual né?
Criolo, prova que continua na linha de frente da música pop brasileira com este grande álbum de sambas inéditos e autorais, Espiral de ilusão, guardião atento de tradições centenárias.
3 – Coruja BC1 – “No Dia dos Nossos”
O primeiro disco do rapper Coruja BC1, é um dos marcos no hip hop brasileiro. Com 11 músicas e participações de Emicida, Tiê, Muzzike, Godô, Rael e Menor da Chapa, Coruja rima sobre bases de rap com influências de MPB, rock e até jazz.
No Dia dos Nossos é um grande começo para Coruja, que foi apadrinhado por Emicida já em 2013, com o clipe “Não Posso Murmurar”. Vale muito a pena acompanhar o crescimento deste artista.
4 – Paulo Miklos – “A Gente Mora no Agora”
A Gente Mora no Agora é o terceiro disco de estúdio de Paulo Miklos, o primeiro desde a sua saída dos Titãs. Ele vem após uma série de acontecimentos marcantes na vida do cantor (a morte de seus pais e de sua esposa, além da própria saída dos Titãs) e tem elementos de autobiografia.
O disco conta com diversas participações. Entre elas está os vocais de Russo Passapusso (BaianaSystem) em “Vigia”, de Céu em “Princípio Ativo” e o piano de Guilherme Arantes em “Estou Pronto”.
Miklos também contou com ajuda no processo de composição das 13 músicas. Emicida ajudou em “A Lei Desse Troço”, Pupilo e Céu em “Risco Azul”, Nando Reis escreveu a incrível “Vou te Encontrar”, Silva em “Todo Grande Amor”, Erasmo Caros em “País Elétrico”, Mallu Magalhães compôs “Não Posso Mais”, Arnaldo Antunes ajudou em “Deixar de Ser Alguém” e Tim Bernardes (d’O Terno) fez “Eu Vou” e colaborou em “Samba Bomba”.
5 – Chico Buarque – “Caravanas”
Após 6 anos, Chico Buarque está de volta ao mercado fonográfico. Ele lançou o Caravanas, seu trigésimo oitavo disco de estúdio, com 7 músicas inéditas e outras duas que foram gravadas na voz de outros artistas (caso de A moça do sonho, gravada por Edu Lobo no álbum Cambaio, de 2001), ou gravadas em duetos que não faziam parte de sua discografia (caso de Dueto, gravada com Nara Leão em seu álbum Com Açúcar, Com Afeto, de 1980).
O disco ainda conta com a participação do neto de Chico, Chico Brown e Clara Buarque, e Rafael Mike. Na composição, Chico contou com a ajuda do maestro Cristóvão Bastos, em “Tua Cantiga”, e de Jorge Helder em “Casualmente”.
A faixa Tua Cantiga causou polêmica. Em um verso, Chico Buarque diz que ”larga mulher e filhos para seguir a amante”. Pela frase, Buarque foi acusado de machismo. Ele relatou em seu Facebook oficial ter ouvido numa fila de supermercado o seguinte diálogo: ”- Será que é machismo um homem largar a família para ficar com a amante? – Pelo contrário. Machismo é ficar com a família e a amante”, ironizando a polêmica.
6 – Rincon Sapiência – “Galanga Livre”
Outro artista que está em ascensão na música brasileira é Rincon Sapiência. O rapper lançou, em maio, o disco Galanga Livre, álbum cujo título se refere ao monarca africano que, escravizado no Brasil, conquistou a liberdade na raça e se tornou Chico Rei, símbolo da afirmação do povo negro.
Os gêneros R&B, Soul e AfroBeat são presenças marcantes nas 12 músicas. As letras passam por assuntos como racismo, trabalho escravo e criticas sociais ao momento político do país. Galanga Livre firma o lugar de Rincon na MPB.
7 – Flora Matos – “Eletrocardiograma”
O primeiro disco de Flora Matos, Eletrocardiograma, chegou as lojas no dia 7 de setembro. A temática das letras tem como foco a percepção a longo prazo da cantora em relação aos desdobramentos de relacionamento conturbado entre Flora e um rapaz, que teria durado seis anos. A cantora promove, no disco, um encontro entre R&B, Pop e Rap.
Vale a pena conferir o trabalho de Flora, que tem tudo para ser a representante feminina da música brasileira no exterior.
8 – Scalene – “magnetite”
Há alguns anos a Scalene vem carregando a nova cena do Rock Nacional nas costas. Depois de atingir o auge com o disco “Éter”, a banda retorna às paradas com ‘magnetite’, lançado em agosto 2018.
No novo disco, o grupo na perde a essência apresentada nos primeiros discos. Sempre com um som bem pesado e ‘novo’, algo inédito para muitas bandas. O ‘magnetite’ é a consolidação da Scalene no cenário do rock nacional. Destaque para a música “frenesi”.
9 – Baco Exu do Blues – “Esú”
Que a Bahia adora produzir ótimos compositores isso não é de hoje. A nova, e grata, é o Diogo Moncorvo, mais conhecido como Baco Exu do Blues.
O rapper chega aos holofotes e elogios da crítica com o disco ‘Esú’, que reúne uma mistura entre a raiva e o afeto, mostrando um personagem que transita entre seus próprios sentimentos e as influências de sua própria mistura.
Na hora de criar as composições Baco busca transmitir ao público suas crenças e sensações, possibilitando um diálogo com quem as escuta. O que ele quer é criar alguns debates por meio de seu disco, como a xenofobia, o racismo e o preconceito existente em relação a religiões africanas.
10 – Djonga – “Heresia”
Álbum de estreia do rapper belo-horizontino Djonga, de 22 anos, ‘Heresia’ chega provar que hip-hop não é “música marginal”, como o samba já foi um dia. Com uma capa que faz referencia ao disco Clube da Esquina, de Lô Borges e Milton Nascimento, faz a memória voltar até 1972.
Com 10 músicas, o disco passa a autoestima para os pretos e pretas, segundo Djonga. Considerado um dos nomes mais interessantes do rap atual, o mineiro chamou a atenção por seu jeito “gritado” de versar sobre os beats. Em “O Mundo É Nosso”, que conta com participação de BK, a letra diz: letra diz assim: “Já disse pretos no topo e eu falava sério/ tipo BK, me veja como exemplo/ Minha quebrada na merda/ Minha city fora do mapa, mano/ Pros meus irmãos eu sou exemplo/ Sou elétrico/ tenho em mim a resistência/ Sou DV Afrotribo/ Pondo fim na concorrência”.