Cerca de 150 crianças moradoras da Vila Pinto (Bairro Bom Jesus, em Porto Alegre) subirão ao palco – muitas delas pela primeira vez – nesta quinta-feira (14/12). Elas serão as protagonistas do espetáculo de final de ano do projeto
Ouviravida – que retomou suas atividades em agosto de 2017, graças ao Patrocínio da Dufrio, por meio de financiamento do Pró-Cultura RS*, da *Secretaria de Estado da Cultura, oferecendo aulas gratuitas de canto, flauta,
percussão e prática de conjunto para crianças e jovens da comunidade. O projeto é idealizado e dirigido pelo maestro Tiago Flores e tem coordenação pedagógica da professora Nisiane Franklin.
A apresentação de final de ano é gratuita, aberta à comunidade e ocorre a partir das 19h, no Colégio Anchieta (Av. Dr. Nilo Peçanha, 1521). “É um momento muito especial para essas crianças: uma oportunidade para mostrarem o seu desenvolvimento nesse primeiro semestre; além de uma possibilidade para elas saírem do ambiente da Vila Pinto e conhecerem um outro lugar, onde elas se sentirão valorizadas pelos seus estudos e motivadas a aprenderem mais. Estar em um palco mexe com a autoestima delas. É muito importante que elas saibam que têm condições de se apresentar, de
fazerem um trabalho bonito e serem aplaudidas por isso”, comenta Tiago Flores.
O espetáculo será dividido em quatro blocos, cada um deles com três músicas: a primeira será sempre apresentada por alunos do grupo de canto, a segunda pelos estudantes de flauta; e a terceira, percussão. Nos três primeiros blocos, os alunos são divididos por faixa etária e por questões cognitivas de aprendizado. No primeiro bloco, entram as crianças de 6 a 9 anos; no segundo, de 9 a 11 anos; e no terceiro bloco, os jovens de até 16 anos.
As três últimas canções serão apresentadas coletivamente, unindo os 150 alunos no palco. O destaque do espetáculo fica por conta da música Trenzinho Caipira, em homenagem aos 130 anos do nascimento de Heitor Villa Lobos. “Os
arranjos desse último bloco foram pensados para os diferentes níveis de aprendizado, para que todos pudessem tocar e cantar juntos”, explica Nise.
A apresentação também terá a participação dos professores e ex-professores do Ouviravida, como uma forma de celebração pela retomada do projeto. Estarão junto com as crianças no palco os músicos *Daiana Fulber *(professora
de canto), Isac Costa Soares (professor de flauta e ex-aluno do Ouviravida), Lucas Kinoshita (professor de percussão), Daniela Cesa Fracasso (flauta doce), Gel Bento *(percussão), Giovanni Berti (percussão), Hilton Jorge Machado (Melô) (percussão), Iuri Corrêa (voz), Luciane Cuervo (flauta doce), Marco Farias (voz), Marcus
Lopes *(percussão), Mariana H. Mendonça (flauta doce), Marília Stein (flauta doce) e Angelo Primon (guitarra e violão).
APRESENTAÇÃO DE FINAL DE ANO: PROJETO OUVIRAVIDA
Data: Quinta-feira (14/12)
Horário: 19h
Local: Auditório do Colégio Anchieta *(Av. Dr. Nilo Peçanha, 1521)
Entrada franca
Repertório:
· Ana (Kiti Driemeyer)
· Coelhinho (Isolde Frank)
· Epo I Tai Tai É / Eu Serei feliz (Folclore da Nova Zelândia)
· Pica Pau (Erasmo Carlos)
· Bem Te Vi – (Maria Lúcia Cruz Suzigan)
· Improvisação (inspirado em Santiago Vazquez)
· Na Bahia Tem e Mulher Rendeira (Tradição Oral Brasileira – Arran.
Daiana Fulber)
· Abacate Abacaxi (Isolde Frank)
· Asa Branca (Luís Gonzaga)
· Ijexá
· We Well Rock You (Brian May – Queen)
· Trenzinho do Caipira (Heitor Villa-Lobos / Letra de Ferreira
Gullar)
· Maior (Dani Black)
Professores do Ouviravida Canto: Daiana Fulber
Flauta: Isac Costa Soares
Percussão: Lucas Kinoshita
*Coordenador geral*: Tiago Flores
Coordenadora pedagógica: Nise Franklin
*Participação de ex-professores (as) do Ouviravida*
Daniela Cesa Fracasso (flauta doce)
Gel Bento (percussão)
Giovanni Berti (percussão)
Hilton Jorge Machado/Melô (percussão)
Iuri Correa (voz)
Luciane Cuervo (flauta doce)
Marco Farias (voz)
Marcus Lopes (percussão)
Mariana H. Mendonça (flauta doce)
Marília Stein (flauta doce)
*Músico convidado:* Angelo Primon (guitarra e violão)
PROJETO OUVIRAVIDA – EDUCAÇÃO MUSICAL POPULAR
Idealizado pelo maestro Tiago Flores, o Projeto Ouviravida surgiu em 1999 e esteve ativo até 2007, promovendo o ensino gratuito de música em comunidades em situação de vulnerabilidade social e econômica. Na época, atuava nas cidades de Porto Alegre (Vila Pinto – Bom Jesus), Alvorada (Umbu) e Gravataí (Morada do Vale -Fase III) e chegou a atender 600
crianças. Depois, por falta de apoio, o projeto teve de encerrar suas atividades.
Após dez anos parado, o projeto retomou as atividades em agosto de 2017, graças ao patrocínio da Dufrio, por meio de financiamento do Pró-Cultura RS, da Secretaria de Estado da Cultura.
Hoje, 180 crianças da Vila Pinto, no Bairro Bom Jesus, em Porto Alegre, estão frequentando aulas de gratuitas de percussão, canto, flauta doce e prática de conjunto. As aulas ocorrem na própria comunidade, no Centro São
José – entidade beneficente que atende crianças e jovens no turno inverso ao da escola.
O projeto é dirigido pelo maestro Tiago Flores e tem a coordenação pedagógica de Nisiane Franklin. Os professores são Daiana Fülber (canto e prática de conjunto), Lucas Kinoshita (percussão) e Isac Costa (flauta doce).
Projeto pedagógico
A linha pedagógica do Ouviravida está baseada em três pilares: execução, apreciação e criação. Ou seja: além de aprenderem um instrumento, os alunos têm momentos para a escuta musical com o objetivo de desenvolverem o senso
crítico; e ainda serão estimulados a interferirem no fazer artístico, de forma que possam se expressar, deixando de ser meros executantes para trabalharem também a composição.
“O Ouviravida é um projeto de formação em todos os sentidos. Primeiramente musical, para capacitá-los caso queiram seguir a música como uma opção profissional. Mas também formação como cidadãos, como seres de relação saudável um com outro e com a vida. Por isso que se trata de um projeto de formação integral e continuada”, pontua Nisiane Franklin.
Para fortalecer a noção de pertencimento cultural dos alunos, o Ouviravida também leva os jovens a atividades culturais musicais que acontecem em Porto Alegre, como concertos e recitais a cada três meses.
Próximos anos
Tiago Flores já planeja os rumos do Ouviravida para os próximos anos. “A primeira etapa é trabalhar a base de musicalização, a leitura musical, experimentação de instrumentos e canto. Depois, introduziremos repertórios mais complexos, para desenvolver os alunos dentro de sua área de preferência. Depois disso, imagino ampliar o projeto, contemplando também instrumentos de cordas e sopro. Na sequência, podemos formar uma orquestra com esses jovens da Vila Pinto e, quem sabe, ampliar as atividades para outros bairros e cidades”, vislumbra.
Vila Pinto
O bairro Bom Jesus, que até 2014 era um dos quatro Territórios de Paz da cidade de Porto Alegre, é uma região de vulnerabilidade social, possuindo altos índices de violência, criminalidade e homicídios. Possui crescimento urbano acelerado, problemas ambientais e sociais, comunidade em situação de risco, ocupação irregular de área, dificuldades de infraestrutura, saneamento, desemprego e exclusão social.
Por: Raphaela Donaduce Flores