“Senhora dos Afogados” faz parte da saga mítica rodriguiana assim intitulada pelo crítico Sábato Magaldi. Escrita em 1947, segue a linha de “Álbum de Família” (1945), “Anjo Negro” (1946) e “Dorotéia” (1949) e traz uma forte simbologia que se aproxima das tragédias gregas, em que os clãs familiares se entre-devoram num inferno de culpas desmedidas.
O projeto desta montagem nasceu de um desejo de Letícia Birkheuer de que Farjalla a desconstruísse num papel de teatro.
Os Drummond, uma família de três séculos, com mulheres que se gabam da fidelidade conjugal, choram a morte por afogamento de Clarinha, uma das filhas de Dona Eduarda e Misael Drummond, e, ao mesmo tempo, prostitutas do cais do porto interrompem suas atividades para lamentar a impunidade do assassinato de uma das suas que morrera há dezenove anos.
Nesta encenação, Jorge Farjalla – depois da ousada e elogiada versão de “Dorotéia”, com Rosamaria Murtinho e Letícia Spiller, – leva outra vez Nelson Rodrigues ao extremo contemporâneo e destaca a singularidade da religião em suas obras, em que o sagrado se alimenta do profano, teatralizando ainda mais, através dos signos e símbolos, revisitando a obra numa estética que comunga cenário, figurino, desenho de luz, som e música original, em um contexto singular aos olhos do teatro pós-moderno, riscando nesta montagem, mais uma vez, sua visão própria e original do texto com a marca arrojada e diferente que imprime nas encenações que dirige.
– Será uma montagem feita não pra chocar e sim pra refletir. A sociedade está indo para um lugar retrógrado, confundindo liberdade de expressão com exibicionismo. Não quero que o meu modo de ver ou olhar para a obra de Nelson seja rotulado ou criticado sem embasamento. Ao contrário, vamos pensar juntos; não consigo desassociar religião e rito de sua odisseia mítica, explica Farjalla.
Os atores estarão em cena vivendo todos os personagens, brincando com os arquétipos, para contar e narrar trajetória da família Drummond – nome que tem em seu significado “vindo do mar” – alguns assumindo os ‘vizinhos’, uma espécie de coro da tragédia grega, assim como seus próprios personagens, com sotaque local, pois a peça se passa em Recife, que é o mar da infância de Nelson, onde ele nasceu.
Um farol, sempre presente em cena, teatralmente representado como uma espécie de lamparina que o próprio ator-narrador executará em cena, é cenário para a religiosidade dos nativos que vivem no mar, para Iemanjá, como símbolo de todo o contexto da obra, assim como as canções do cancioneiro popular da beira do rio e do mar, fazendo da encenação única e teatralmente cheia de signos e apresentando um Nelson trágico, profundo, íntimo, patético e absurdo.
Alexia Dechamps, que participou da encenação de “Dorotéia” agora divide este segundo projeto com Farjalla, assumindo a protagonista Dona Eduarda, junto com Karen Junqueira (Moema, irmã do Paulo), que está fazendo Rita Cadillac no cinema. – Dois projetos com o mesmo autor e diretor, um trabalho de identidade de companhia, me colocando num lugar de risco do início ao fim, me provocando e instigando é algo que preciso celebrar. Certamente um momento único, feliz!, comemora ela.
Já João Vitti e Rafael Vitti dividem pela primeira vez o palco e com personagens que remetem à vida real: pai e filho (Misael e o noivo, respectivamente). E um dos personagens masculinos será interpretado por Letícia Birkheuer, que viverá Paulo, filho do casal pescador, além de Du Machado, o vendedor de pentes.
No elenco feminino também estão Nadia Bambirra (Dona Marianinha, a avó) e Jaqueline Farias, a prostituta morta, vizinha e outra prostituta do cais. Aqui vale uma observação: tanto os Vitti como Karen, Letícia e Nádia viverão pela primeira vez um texto de Nelson Rodrigues.
O cenário é assinado por José Dias e a trilha sonora por João Paulo Mendonça – ambos parceiros de Farjalla desde a montagem de “Paraíso AGORA! Ou Prata Palomares”, do roteiro do filme de André Faria, e “Dorotéia” – enquanto figurinos e adereços são de Jorge Farjalla em conjunto com Ana Castilho e a luz de Vladimir Freire e Jacson Inácio.
Sinopse
Ligações incestuosas, obsessões, pulsões arcaicas, conflitos entre o lógico e o irracional, todas as amarras são rompidas, os personagens se movem num tempo verdadeiramente mítico, do inconsciente. Senhora dos Afogados é uma peça que se aproxima das tragédias gregas, em que os clãs familiares se entredevoram num inferno de culpas desmedidas.
Dona Eduarda, esposa de Misael, e Moema, única filha mulher que restara, além do irmão, Paulo, se digladiam em torno da questão do pudor e da honra da mulher, hostilizando-se devido a um ódio primordial. Moema, que gostaria de viver sozinha com o pai, urde um plano para que a mãe o traia com o próprio noivo, um ex-oficial da marinha.
SENHORA DOS AFOGADOS
Dias 04, 05 e 06 de maio de 2018
Sexta feira e sábado, às 21hs e domingo, às 18hs
Theatro São Pedro – Praça Marechal Deodoro (Matriz), s/nº – Centro Histórico – Porto Alegre/RS
Como Chegar: https://maps.theatrosãopedro
Capacidade: 690 pessoas
Classificação: 16 anos
Realização: Little John Produtora
Evento: Senhora dos Afogados em POA
Acompanhe a agenda No Palco em http://bit.ly/agendaNoPalco
INGRESSOS
Plateia
Inteira – R$ 90,00
Meia Entrada – R$ 45,00
Camarote Central
Inteira – R$ 80,00
Meia Entrada – R$ 40,00
Camarote Lateral
Inteira – R$ 70,00
Meia Entrada – R$ 35,00
Galerias
Inteira – R$ 50,00
Meia Entrada – R$ 25,00
VENDA ONLINE
04/05: https://vendas.teatrosaopedro.com.br/senhora-dos-afogados-04
05/05: https://vendas.teatrosaopedro.com.br/senhora-dos-afogados-05
06/05: https://vendas.teatrosaopedro.com.br/senhora-dos-afogados-06
PONTOS DE VENDA
Bilheteria do Theatro São Pedro
De segunda a sexta, das 13h às 18h30 ou até o horário de início do espetáculo
Sábados e domingos, das 15h até o horário de início do espetáculo
FORMAS DE PAGAMENTO
Dinheiro, Visa (débito), Mastercard (débito) e Banricompras (débito)
DESCONTOS
– 50% para associados da AATSP (ingressos limitados)
– 50% para estudantes, jovens de baixa renda e pessoas com deficiência (40% da lotação)
– 50% para idosos
– 50% para associados do Clube do Assinante ZH (titular e acompanhante)