Os 10 melhores álbuns nacionais de 2018

2018 foi um ano de muitas novidades, não só no sentido de novos lançamentos, mas também de novos (ou novos velhos) artistas. Foram milhares de álbuns lançados pelos artistas brasileiros, e o No Palco teve a difícil tarefa de escolher os 10 melhores.

Na lista abaixo, você encontra o trabalho que marcou o retorno do Cordel do Fogo Encantado aos holofotes,  a incrível vitalidade de Elza Soares e Gal Gosta, o novos artistas Luiza Lian, BK’ e IZA, a redenção dos Titãs com a primeira ópera rock do Brasil, o encontro de Caetano Veloso com os filhos e a consagração dos rappers Baco Exu do Blues e Djonga na música brasileira.

Entre rap, rock, MPB e pop, confira os 10 melhores álbuns nacionais de 2018: 

 

1- Baco Exu do Blues – ‘BLUESMAN’

Depois de chegar aos topos e configurar diversas listas de discos do ano de 2017, com ‘Esú’, Baco Exu do Blues está de volta aos holofotes com outra obra incrível. Desta vez é ‘Bluesman’, o segundo álbum de estúdio do rapper baiano.

A primeira faixa “Bluesman” começa com um sample do eterno Muddy Waters e fala sobre a ascensão do gênero blues e como ele foi pioneiro na música negra, ferramenta de empoderamento à sua cultura no início do século XX, período recente pós-abolição escravista em toda América. A fúria e temas contemplativos de Baco, seguem na melancolia de “Queima Minha Pele”, fruto do encontro entre o rapper e o compositor Tim Bernardes.

A faixa mais romântica do disco, e a que mais está rendendo frutos à Baco, é “Me Desculpa Jay-Z”, com participação de 1LUM3. O rapper baiano faz uma inteligente relação entre um provável romantismo e a sua relação com o seu ídolo JAY-Z. A questão de bipolaridade aparece muito ao decorrer da música, a construção da letra se baseia basicamente neste transtorno, no qual o interlocutor ora deseja muito alguém e ora muda completamente de personalidade, rejeitando completamente este sentimento.

Baco volta ao núcleo político com “Minotauro de Borges” e a principal canção do disco, “Kanye West da Bahia”. Com produção excepcional da dupla DKVPZ e rimas compartilhadas com Bibi Caetano, Baco se compara a Kanye West, um dos maiores nomes do rap mundial, conhecido por suas polêmicas e, como é falado por toda faixa, por não possuir rótulos, sendo, por exemplo, o único rapper grande que apoiou o presidente americano Donald Trump. Sendo assim, mesmo não concordando com diversas atitudes do rapper, Baco exalta a sua coragem.

Tim Bernardes volta com seus riffs de guitarra em “Flamingos”, que também conta com participação da banda Tuyo. O romantismo de Baco volta a aparecer em “Girassóis de Van Gogh”, com participação de 1LUM3 e Bibi Caetano. O disco encerra com o encontro entre “Preto e Prata” e a derradeira “B.B King”, versos que servem de reforço à temática racial detalhada logo nos primeiros minutos do disco.

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2 – Djonga – ‘O Menino que Queria Ser Deus’

Depois de ter seu álbum de estreia, ‘Heresia’, muito elogiado pela critica e sendo eleito um dos melhores de 2017, Djonga está de volta. Dessa vez o rapper mineiro chega ao mercado fonográfico com ‘O Menino que Queria Ser Deus’.

OMQQSD continua com a pegada feroz de rimas pesadas de Djonga. A faixa “ATÍPICO”, que o álbum, traz uma profunda reflexão sobre o preço da fama, e cria uma ponte para a faixa seguinte, “JUNHO DE 94”.

Grandes nomes do rap foram convidados para participar do disco. São nomes como Sidoka e Sant, em “UFA”; o conterrâneo Hot Apocalypse, em “SOLTO“; Paige, no misto de rima e canto detalhado em “CORRA”. O destaque acaba ficando por conta do encontro com Karol Conká, na provocativa “ESTOURO”.

Além de manter a profundidade artística, a linguagem se aproxima ainda mais da galera mais nova, quebra pontes e o resultado disso é a consolidação de Djonga como um artista grande da tal cena brasileira.

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3 – Elza Soares – ‘Deus é Mulher’

Três anos após lançar o aclamado ‘A Mulher do Fim do Mundo’, Elza Soares retorna com um trabalho, sem sombra de dúvidas, ainda mais denso.

Com produção geral do instrumentista Guilherme Kastrup, ‘Deus é Mulher’ têm composições importantes sobre o feminismo. Na faixa de introdução, “O Que Se Cala”, o compositor Douglas Germano denuncia a invisibilidade do discurso da mulher na sociedade brasileira. Em “Exu Nas Escolas”, denuncia-se a intolerância religiosa exclusivamente das escolas, de um país que se diz laico mas que retira da grade curricular de seus estudantes, a história da cultura e religião afro-brasileira. O empoderamento feminino volta em “Banho” e “Eu Quero Comer Você”.

Na sequência ‘Deus é Mulher’ traz uma sequência de debates, como a luta em “Língua Solta”; “Clareza”, que sintetiza a existência; “Um Olho Aberto”, onde Elza reafirma o respeito para com a individualidade de cada pessoa; “Credo”, com um posicionamento sobre crenças; “Dentro de Cada Um”, o esforço para extrair somente as coisas boas de toda essa discussão sobre tabus. Por fim, “Deus Há de Ser” relaciona às fases de uma mulher ao que viria a ser a figura de Deus.

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4 – Luiza Lian – ‘Azul Moderno’

Terceiro álbum da carreira de Luiza Lian, a cantora dá à sua musicalidade eletrônica, com influências que passam pelo trip hop, MPB, samba, IDM, entre outros. Isso se dá também pela manutenção da parceria com Charles Tixier na produção, que contou também com co-produção de Tim Bernardes.

O álbum conta com composições em que a essência feminina prevalece, além de envolver um ambiente mágico onde Lian convida o ouvinte a se perder em meio a paisagens metafóricas, composições guiadas pela espiritualidade e poemas simples.

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5 – BK’ – ‘Gigantes’

‘Gigantes’ é o segundo álbum de estúdio do rapper BK’. Com produções de Arit, El Lif Beatz, JXNV$, NAVE Beatz e Papatinho, as 13 faixas do álbum tratam sobre ascensão, racismo, problemas sociais como violência e pobreza e o cenário do hip hop nacional. Conta com participações inéditas de KL Jay, Drik Barbosa e Marcelo D2, além da velha parceria com Luccas Carlos —em duas faixas— e Akira Presidente, além de Baco Exu do Blues e Juyè.

O álbum estava sendo anunciado desde o ano passado, ano em que inclusive o artista lançou dois EPs que prenunciavam o full, intitulados ‘Antes dos Gigantes Chegarem’, nos Vol. 1 & Vol. 2.

Destaque para a canção “Novo Poder”, onde BK’ faz diversas referências ao ato de tomar um poder e impôr novas regras, o que aliás tem conexão direta com o título do álbum e seu tema, derrubar os gigantes e tomar o seu lugar no trono.

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6 – Cordel do Fogo Encantado – ‘Viagem ao Coração do Sol’

Após 8 anos em hiato, o Cordel do Fogo Encantado voltou com tudo. ‘Viagem ao Coração do Sol’ é o primeiro álbum de inéditas do grupo pernambucano em 12 anos. Tradição na discografia do disco, a récita de um poema,

Fiel à estética do Cordel, o álbum tem “Liberdade” como palavra de ordem. Tradição na discografia do disco, a récita de um poema, “O Sonho Acabou”, abre a sequência de faixas viscerais carregadas de regionalismo pernambucano.

O disco produzido por Fernando Catatau, do Cidadão Instigado, ganha um toque ainda maior de emergência sem perder as características líricas e a paleta de tons quentes. Ainda envolto em toques brandos de psicodelia, o grupo se mostra o quanto continua necessário e atual dentro deste cenário super plural da música brasileira pós-10s.

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7 – Titãs – ‘Doze Flores Amarelas – A Ópera Rock’

‘Doze Flores Amarelas’ é o décimo quinto álbum de estúdio do Titãs e a primeira ópera rock do Brasil. A história do álbum, assinada por Hugo Possolo e Marcelo Rubens Paiva, acompanha a vida de três estudantes universitárias ingressantes (Maria A, Maria B, Maria C) que usam um aplicativo de celular para descobrir alguma festa para ir. Durante a noite, acabam violentadas por cinco colegas, e o crime gera consequências para todos os envolvidos. Cada uma das três Marias lida com o acontecimento de maneira diferente, mas acabam se unindo no final para uma vingança.

O álbum aborda temas como violência, assédio, relacionamento entre pais e filhos, vingança, ódio, paixão e o impacto da tecnologia na vida das pessoas. O estilo das canções vai do punk rock ao acústico, passando por faixas orquestradas.

Rita Lee faz a locução do disco, são quatro interlúdio da vocalista aposentada. Maiorias das canções foram compostas por Sérgio Britto e é ele quem da voz para as principais canções: “Me Estuprem”, “Eu Sou Maria”, “Doze Flores Amarelas” e “Sei que Seremos”.

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8 – Caetano Moreno Zeca Tom Veloso – ‘Ofertório’

‘Ofertório’ é o primeiro álbum  de Caetano desde ‘Abraçaço’, de 2012, disco que fechou a chamada “trilogia Cê”. O álbum foi gravado ao vivo durante turnê em São Paulo de Caetano e seus filhos Tom, Zeca e Moreno. O repertório é composto por sucessos do cantor, como “Alegria, Alegria”, “O Leãozinho” e “Força Estranha”, além de canções inéditas, como “Todo Homem”, composta por Zeca, “Ela e Eu”, composta por Caetano, e “De Tentar Voltar”, composta por Moreno & Domenico Lancellotti.

O álbum se chama “ofertório”, pois remete ao mesmo nome de uma das músicas do roteiro que perpetua a herança musical do clã dos Veloso. “Ofertório”, de 1997, é tema religioso de Caetano, escrito há mais de 20 anos, a pedido da irmã Mabel Veloso para a missa em homenagem aos 90 anos de Claudionor Viana Teles Veloso (1907-2012), a Dona Canô, sua mãe.

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9 – Gal Costa – ‘A Pele do Futuro’

No auge de seus 73 anos de idade e 53 de carreira, Gal Costa chega ao mercado fonográfico com seu 40º álbum. Com direção artística de Marcus Preto e produção musical de Pupillo, ‘A Pele do Futuro’ é outro marco na carreira de Gal, após o elogiadíssimo ‘Estratosférica’ (2015).

Inspirado pela black music dos anos 1970, o disco tem canções inéditas de Gilberto Gil, Adriana Calcanhotto, Emicida, Djavan, Guilherme Arantes, Marília Mendonça, Hyldon, Nando Reis, Erasmo Carlos, Silva, Jorge Mautner. Composições que transitam entre o samba, o jazz, o rock e o pop melancólico.

O disco conta com duas participações especiais. A primeira é em “Cuidando de Longe” com a cantora sertaneja Marília Mendonça, e a segunda é mais surpreendente ainda, após mais de 10 anos sem se falar, Maria Bethânia e Gal Costa aparecem juntas cantando “Minha Mãe”, canção composta por César Lacerda e Jorge Mautner. Frações poéticas que transitam entre a dor e o acolhimento, consolidando de maneira sensível o esperado reencontro de Gal  com Bethânia.

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10 – IZA – ‘Dona de Mim’

Dona de Mim é o álbum de estreia da cantora IZA. A cantora trabalhou no álbum por um montante de dois anos, lançando diversos singles avulsos entre 2016 e 2017.

O álbum é predominantemente composto por canções do gênero pop e R&B, mas possui uma mescla de estilos como o reggae, soul, blues, entre outros. Dona de Mim traz diversas colaborações como Carlinhos Brown, Gloria Groove, Ivete Sangalo, Marcelo Falcão, Rincon Sapiência, Ruxell e Thiaguinho.

O álbum é majoritariamente escrito e produzido por Pablo Bispo, Ruxell e Sérgio Santos, e conta com faixas produzidas e compostas por outros compositores e produtores como Alex Favilla, Bernardo leGrand, Brabo (duo de produtores composto por Maffalda e Rodrigo Gorky), HeadMedia (duo de produtores composto por Marcelinho Ferraz e Pedro Dash), HitMaker, Jhama, Paulinho da Serrinha, entre outros. Iza co-escreveu quatro das quatorze faixas.

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