Lollapalooza 2019: Entrevista com Sam Fogarino, baterista do Interpol

O tempo é implacável para bandas, sobretudo as que marcaram épocas com suas músicas e estilo. Mas para o Interpol parece que tudo jogou a favor, são 22 anos de banda desde a sua formação, em 1997. Eles são um dos principais representantes da música independente de Nova Iorque, em especial, dos que surgiram nos anos 2000 trazendo uma sonoridade nova, mas que ao mesmo tempo lembrava o pós punk do fim dos anos 1970 e começo dos 1980, algo entre Joy Division, Gang of Four e The Psychedelic Furs.

Os anos se passaram e a banda hoje coleciona clássicos, além de a honra de “nunca ter feito um álbum fraco”. Ok, isso fica por conta do editor, mas duvido que você discorde, visto que “Marauder”, o recém lançado álbum, é uma confissão de maturidade que toda banda deveria ter. Chegar ao sexto álbum disposto a fazer com que seus fãs coloquem novas faixas na sua lista de favoritas, não é para qualquer um.

Da formação original, Paul Banks, Daniel Kessler e Sam Fogarino são os remanescentes, e foi Sam que bateu um papo com o pessoal do LollaBR sobre a banda, o novo disco, e o que devemos aguardar no show deles no Lollapalooza Brasil. E pelo entusiasmo dele, dá pra esperar muito deste show.

 

Lolla: Você virá ao Brasil pela segunda vez, como se sente?

Sam: Estou muito feliz! Me lembro de ter me divertido muito na primeira vez. Começamos a tour do nosso novo disco há alguns meses e acho que estamos voltando a nos divertir agora e a ter experiências realmente legais. Tenho falado bastante sobre isso, sobre como é bom tocar novas músicas, além das antigas. Tem sido bom tocar esse novo set, estamos melhores e confiantes de que será demais tocar no Lollapalooza Brasil. Vai ser incrível, o público brasileiro é incrível e isso é um privilégio. Se não estiverem animados, estamos fazendo algo errado.

Já que você falou do novo disco, conte sobre Marauder?

Ah, estamos muito felizes com este disco e com a forma com que ele foi feito. Acho engraçado que este foi o nosso único disco em que abrimos mão de decidir se uma faixa estava pronta ou não. Deixamos nas mãos do Dave Fridmann (produtor do disco). Somos muito exigentes e costumamos ficar tensos quando ouvimos uma gravação, mas com Dave no controle ficamos tranquilos, sabemos que nada vai parecer bobo no final. Ele sabe como fazer um disco e entendeu as nossas origens, a interpretação dele sobre isso foi o Marauder. Assim como em alguns dos discos que ele produziu do Flaming Lips, sempre há muita coisa acontecendo. Alguém que sabe como fazer isso, mas também um disco de rock a partir do zero é incrível.

Dave Friedman! Fale um pouco sobre como foi trabalhar com ele.

Ele é como um professor de engenharia de áudio, e foi ótimo trabalhar com ele. Não tem nada de “vamos lá, mais um take”. Eu já trabalhei com pessoas que dizem “que porra você está fazendo, pensei que soubesse tocar bateria!”, que tentam te motivar sendo cuzões. Ele era tranquilo. Um fato interessante que eu lembrei foi quando encerramos as gravações de uma música e ele nos chamou para ouvir. Ele não falava coisas como “o que vocês acharam” ou “está pronto”. Eles nos disse “então, o que vocês ouviram?”, e eu pensei “isso é uma pegadinha?”. É uma maneira acadêmica de dizer que está pronto e conseguir sua opinião sobre isso. Isso foi ótimo, e desde o começo ficou claro que este álbum sairia como deveria.

Este é o sexto álbum de estúdio do Interpol, dezesseis anos após o primeiro. O que mudou em termos de sonoridade e na forma em que vocês escrevem e trabalham em sua músicas?

Acho que nos preocupamos menos sobre o que acontece em termos de resultado. O método para escrever este álbum foi o de gravar três instrumentos de cada vez. Foi tudo o que tivemos, ficando nas demos apenas o cru. Quando Dave ouviu, disse algo como “vocês estão tocando músicas, não vamos nos preocupar com mais nada além de gravá-las”. Esta é uma ótima maneira de se gravar.

E o show de vocês vai refletir muito do que foi nas gravações?

O Interpol sempre foi uma banda ao vivo, mesmo quando se faz discos como nosso homônimo e o Our Love to Admire, onde há muita coisa acontecendo, ainda era diferente da nossa performance ao vivo. Isso é sobre o que nossa banda sempre vai ser. Mas quando lançamos um disco como Marauder, em um momento como o que vivemos, percebemos que somos uma banda muito legal ao vivo. É difícil de fazer um álbum de estúdio com um som bem cru. Várias bandas reclamam disso ao longo das décadas, sobre serem melhores ao vivo e tentarem capturar essa essência em estúdio. E nós fizemos isso. Isso é algo para se orgulhar, pois é muito difícil de se fazer. Fico feliz por termos sido espertos o suficiente para deixar isso acontecer. É como deixar algumas camadas expostas, como tirar algumas roupas, é o nosso esqueleto e precisamos de confiança pra fazer isso.

Mudando de assunto, ouvi dizer que você é muito bom cozinheiro. Aqui no Brasil temos vários e vários temperos e ingredientes. Você se arriscaria a cozinhar algo local?

Ah, cara, se alguém me direcionar, eu adoraria. Não me lembro de ter comido algo que não tivesse gostado no Brasil. Mas eu queria mesmo saber o que é comum nas casas, algo que as famílias sentam e comem juntos. Algo que você não vai a um restaurante pra comer. Agora que você tocou nesse assunto, eu vou pesquisar.

O que os fãs brasileiros podem esperar do Interpol no Lollapalooza Brasil 2019?

Claramente vocês vão ouvir coisas do Marauder. O que é legal de estar na tour de um disco por vários meses é que quando chegarmos ao Lollapalooza Brasil, em abril, já estaremos bem afiados. Temos tocado nosso material antigo com o mesmo entusiasmo do set novo. É bastante coeso o que estamos fazendo. Temos sido mais otimistas em entregar o lado mais rock’n’roll do Interpol. Todas músicas estão lá, a banda é a mesma, mas está maior e estamos mais confiantes. Estamos muito animados para estar com o público brasileiro. Acho que teremos uma grande noite juntos. Estamos felizes de ir ao Brasil.

 

O Interpol toca no domingo, 7 de abril, e você pode se preparar para ouvir os maiores sucessos da banda, como “Evil”, “Obstacle 1”, “Rest My Chemistry”. Aproveite e ouça o novo disco dos caras e chegue ao Lollapalooza Brasil 2019 com as letras na ponta da língua.

 

Entrevista e texto escritos pela assessoria do Lollapalooza Brasil