A ideia de escalar um incrível monólito de granito de 914 metros no icônico Parque Nacional de Yosemite (Califórnia) sem nenhum equipamento de segurança parecia um feito digno de um documentário. Os diretores Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi também pensaram assim e o resultado foi uma das obras cinematográficas mais impressionantes e bem-sucedidas de 2018.
Chamado Free Solo, o documentário contra a trajetória de Alex Honnold ao realizar o que muitos consideravam impossível: enfrentar o El Capitan sem o apoio de cordas. Produzido e distribuído pela National Geographic, a produção foi lançada em março deste ano no Brasil e venceu prêmios como o Oscar de Melhor Documentário de Longa-Metragem, Melhor Documentário na Academia Britânica de Arte Cinematográfica e Televisiva e vários outros.
Free Solo mostra o homem por trás da escalada
Não é surpresa que o americano de 33 anos consegue subir até ao topo do El Capitan e desde o início da obra é possível perceber que a escalada de Honnold tem um final feliz. Para tornar o longa envolvente e interessante até mesmo para quem não entende das nuances dessa modalidade radical, os diretores passam boa parte das 1h40 de documentário focando na vida de Honnold.
Para realizar a escalada, Honnold preparou seu corpo e mente por dois anos e meio, algo que o documentário enfatiza com veemência. Como ritual de preparação, a cada dois dias o americano passava 90 minutos por dia pendurado na lateral de sua van (hangboarding) como uma forma de ganhar mais resistência nos braços.
Honnold, que morou em sua van durante muito tempo até realizar a sua escalada, conta que sua preparação minuciosa em vários detalhes foi essencial para realizar o feito. “Eu tinha me preparado tanto, mentalmente, que isso me permitiu apenas performar no dia da escalada. Havia passado dois anos anteriores pensando em todos os diferentes cenários”, conta o solista livre.
A personalidade introvertida e o jeito algumas vezes rude também são expostas em Free Solo. O foco na pessoa por trás da escalada é tão grande que o documentário volta até aos tempos adolescência de Honnold para entender a paixão do atleta por essa modalidade, assim como os percalços que fizeram parte de sua trajetória.
A preparação por trás das câmeras
Escalar o El Capital não foi um desafio apenas para Honnold. Para documentar o feito do atleta, a equipe dos diretores Chin e Chai tiveram que enfrentar perigos ao longo das mais de quatro horas de jornada sob o sol californiano.
Além disso, parte do que torna o documentário tão bem feito para o gênero é o fato de que o diretor Chin trabalhou durante vários anos como solista. Algo que fez com que ele entendesse todo o processo com facilidade e deixou Honnold mais tranquilo durante a escalada.
“Ele (Chin) passou os últimos 20 anos nas montanhas o tempo todo e nós dois temos escalados há mais de uma década. Então estamos bem acostumados a usar o nosso tempo calculando e mitigando os riscos da melhor forma que podemos. Em muitos sentidos, a produção foi bem normal. Estava só passando tempo na montanha com meus amigos”, afirmou Honnold ao UOL.
Free Solo mostra que o impossível é contornável quando há foco e disciplina
Honnold não chegou ao topo do intimidador monólito de granito de quase 1.000 metros de altura por acaso. Para conseguir realizar o feito, ele precisou dedicar anos de treino rigoroso em uma jornada repleta de percalços. Tudo isso é mostrado com perfeição pelos diretores, um diferencial que faz com que a história ganhe ainda mais vida.
Com foco na preparação de Honnold, Free Solo mostra que com foco e disciplina é possível atingir patamares jamais alcançados antes e que o limite pode ser superado quando há muita dedicação à causa.