Durante a ditadura militar, a censura foi constante sobre os mais diversos gêneros da música popular brasileira, do brega ao rock. Esse é o tema da série “Cale-se”, dirigida por Marcus Fernando, que volta à programação do Curta! em julho, com a exibição de três episódios na Segunda da Música. O programa joga luz sobre a os artistas e as obras musicais que foram alvos dos departamentos de censura, durante os anos de chumbo. A série completa, com oito episódios, pode ser vista na seção do Curta! no NOW, serviço de streaming da NET, e também na plataforma Tamanduá (tamandua.tv.br).
Por meio de performances históricas ou produzidas especialmente para a série, o repertório vetado pelos censores é revelado, assim como os mais surpreendentes motivos alegados para a proibição. Tudo isso é costurado às imagens de arquivo e aos depoimentos de diversos compositores, artistas, advogados, jornalistas e pesquisadores, entre eles Jards Macalé, Ricardo Cravo Albin, Leo Jaime, Joyce Moreno e Roberto Menescal. Os episódios são exibidos sempre às segundas-feiras, às 20h30, no Curta!.
Episódio: Na Boca do Povo – 6/7, 20h30
Este episódio dedicado aos cantores populares traz novos depoimentos e desdobramentos da manifestação brega durante o regime militar. Paulo Cesar Araújo, Juca Chaves, Odair José, Fernando Mendes e Luiz Ayrão contextualizam as produções e os discursos vigentes no período. Paulo Cesar Araújo fala sobre como a homenagem de Benito di Paula a Geraldo Vandré na faixa “Tributo a um rei esquecido” conseguiu driblar os radares da censura e ir a público. O escritor também relembra a dupla Dom & Ravel, que ganhou fama de nacionalista pela marcha “Eu te amo, meu Brasil”. Paulo Cesar relativiza a fama de ufanista de Dom e Ravel, que também tiveram músicas censuradas e foram intimados a depor pela Polícia Federal. O episódio traz, ainda, o relato de Juca Chaves, compositor, músico e humorista, que tirou o bom humor do governo antes mesmo de o regime militar ser instaurado, ao satirizar os presidentes Juscelino Kubitschek e João Goulart. O cantor comenta as irreverentes criações durante a ditadura e conta que teve mais de 80 processos de censura. Os números musicais relembram as músicas “Presidente Bossa Nova” e “Divórcio”. Diretor: Marcus Fernando. Duração: 26 min. Classificação: Livre. Horários alternativos: 7 de julho, terça-feira, às 0h30 e às 14h30; 8 de julho, quarta-feira, às 19h45; 11 de julho, sábado, às 19h45; 12 de julho, domingo, 10h45.
Episódio: O Rock Proibido – 13/7, 20h30
O jornalista e escritor Ricardo Alexandre contextualiza o lugar ocupado pelo rock na música brasileira no final da década de 1960. Evandro Mesquita, Leo Jaime e Eduardo Dussek relembram o cenário musical da época. Ricardo Alexandre explica como o lema “sexo, drogas e rock´n roll” contribuiu para que a ditadura atribuísse ao gênero uma ameaça subversiva. Dussek e Leo Jaime endossam o coro dos roqueiros forçados ao silêncio e falam sobre suas criações vetadas. Leo fala ainda sobre a homenagem que prestou a uma censora chamada Solange e conta qual foi a reação da moça ao ouvir a música feita especialmente para ela. Roberto Menescal lembra que, mesmo com o fim do AI-5, o rock ainda permaneceu na mira dos censores. Maria Juçá, diretora do Circo Voador, lembra a importância da casa como bastião de resistência e espaço divulgador da nova cena musical jovem e roqueira. Diretor: Marcus Fernando. Duração: 26 min. Classificação: Livre. Horários alternativos: 14 de julho, terça-feira, às 0h30 e às 14h30; 15 de julho, quarta-feira, às 19h45; 18 de julho, sábado, às 19h45; 19 de julho, domingo, 10h45.
Episódio: Um Grito Pela Liberdade – 20/7, 20h30
No período entre o fim do regime militar, em 1985, e a promulgação da Constituição, em 1988, a expressão artística ainda não gozava de plena liberdade. O último episódio da série segue revelando os impactos da censura na produção musical logo após o fim do regime militar. O jornalista e escritor Ricardo Alexandre explica que os primeiros anos da década de 1980 foram importantes para a criação de inúmeras bandas de rock. É chegada a vez de os jovens que cresceram em plena ditadura ganharem voz. Philippe Seabra, Eduardo Dussek e Leo Jaime contam o que pensavam na época. Ricardo Alexandre ressalta que, mesmo depois da declarada abertura política, o rock não esteve imune ao olhar atento dos censores, mas que as proibições acabavam por aguçar a curiosidade dos jovens e aumentavam as vendas. Diretor: Marcus Fernando. Duração: 26 min. Classificação: Livre. Horários alternativos: 21 de julho, terça-feira, às 0h30 e às 14h30; 22 de julho, quarta-feira, às 19h45; 25 de julho, sábado, às 19h45; 26 de julho, domingo, 10h45