Areal da Baronesa, limite entre os bairros Cidade Baixa e Menino Deus, antigo território negro na capital que ficou conhecido devido à presença das casas de religião de matriz africana, ao seu carnaval de rua e às tradicionais rodas de samba. A comunidade quilombola, localizada na Avenida Luiz Guaranha e onde hoje vivem em torno de 79 famílias é o cenário onde, hoje, acontece o Projeto Cultural Arte na Periferia, através do Edital de Criação/Formação da Marcopolo, da Lei Aldir Blanc, que tem como objetivo ser uma ferramenta de transformação, empoderamento e inclusão social unindo dois territórios – o Quilombo do Areal e a Vila Planetário.
O projeto tem como base a formação cultural em diversos segmentos através de aulas de percussão, sopro, dança, teoria musical, história e contribuição da população negra na música, produção cultural e musical, redes sociais e marketing – voltada para os agentes culturais das duas comunidades. A iniciativa, que vem acontecendo desde março de 2021, oferece as atividades de formação e criação musical através do Instituto Areal do Futuro e do projeto Misturaí, ambos atuantes nas duas localidades.
Direcionadas aos agentes culturais periféricos, artistas, jovens e crianças oriundas das duas comunidades, as aulas se dividem entre conteúdos contínuos através da capacitação, como: oficina de bateria e oficina de dança, no Quilombo do Areal, e oficina de sopro, na Vila Planetário; e conteúdos pontuais, como: oficina de história de música preta, oficina de tambor de sopapo, oficina de maculelê e oficina de redes sociais, incluindo ainda uma consultoria profissional para que os próprios participantes possam assumir a divulgação das atividades nas redes do projeto. Todas as oficinas têm como base a criação artística e a capacitação de profissionais, contando com uma equipe que de alguma forma têm envolvimento com história das comunidades.
Idealizado pelos agentes culturais e mestres de bateria, Paulo Silveira, o Paulinho, e Daniel da Silva Rouvel, o Dani, o projeto foi elaborado pela produtora cultural Alice Kasper, que tem uma relação muito próxima com as comunidades, e que junto com eles, está sempre buscando implementar atividades que busquem promover o resgate do fortalecimento da cultura negra e do samba.
Com forte tradição cultural musical e enorme potencial de criação, as comunidades Areal da Baronesa e Vila Planetário, através do Projeto Cultural Arte na Periferia, buscam fomentar e fortalecer esta cena cultural regional, ativando novos cenários com ampliação de público e de as iniciativas artísticas que já existem nesses locais, mas que devido a baixa disponibilidade de recursos financeiros e o apoio dos órgãos públicos, acabam caindo na invisibilidade, como salienta Alice – “Ao proporcionar experiências e oportunidades, através de ações educativas e formativas, incentivamos a continuidade de ações já existentes nas comunidades, que com recursos financeiros e capacitações, se tornarão potentes ferramentas de transformação, empoderamento e inclusão socioeducativa”.
Por: Camila Sequeira