O ilustrador e artista plástico pernambucano Sirio Braz traz a mostra Casa Brasileira para a Galeria Ecarta entre 8 e 30 de janeiro. São 50 obras reunindo desenhos, objetos e pinturas tendo a moradia como inspiração, projetando a memória afetiva sobre o lugar que se habita.
Casa Brasileira é uma exposição inédita de um trabalho de mais de quatro anos, que envolveu duas principais técnicas, começando por colagens de impressos e passou para sobras de moradias por meio da técnica de assemblage, materializando-se em esculturas que remetem a memorabílias.
“É a primeira vez que reúno todos os trabalhos da série em uma única exposição e a primeira vez na capital gaúcha. Vejo como uma oportunidade única trazer minha identidade e olhar para um universo ainda desconhecido para mim. É como se pudesse integrar as partes faltantes de um quebra cabeça chamado Brasil”, expressa o artista.
“O universo de Sirio Braz envolve diferentes temas, todos relacionados a partir de sua origem pernambucana, além de elementos de referência presentes na história brasileira. Sua linguagem, parte barroca, parte urbana, abrange diversas iconografias que fazem menção à memória (ou a falta dela). Em pesquisa contínua sobre diferentes suportes, técnicas e formatos, Braz apresenta sempre novos elementos relacionados entre mapas e colagem”, complementa o curador e coordenador da Galeria Ecarta, André Venzon.
Trajetória e integração
Nascido em Recife em 1966, Sirio Braz reside em São Paulo desde o final da década de 70. Autoditada, foi iniciado no mundo da arte por influência do pai, arquiteto e cartógrafo. Aos 16 anos entrou para o mundo da ilustração, com relevante carreira como ilustrador e designer gráfico. Por muitos anos desenvolveu seu trabalho profissional para as editoras Abril e Globo em publicações como Exame, Superinteressante, Vip, Playboy, Claudia, Época, Marie Claire, Globo Rural e Casa & Jardim.
No segmento editorial interagiu com historiadores e antropólogos como Miriam Goldenberg, com que fez uma parceria de longa data e passou a voltar seus trabalhos para o tema da morada. “Seu ensaio me ajudou a compor a imagem para a minha arte. Partindo do ponto de vista de diferentes personalidades dentro de uma existência, busquei interpretar o quanto de memória afetiva trazemos dentro de nós e projetamos no lugar em que habitamos. É no meio da técnica que reside a mensagem”, interpreta.
“Nos meus trabalhos há uma filosofia conceitual, mas que parte da experiência humana. Minha obra é mais dedutiva, onde o ponto de partida para sua leitura é o repertório e a experiência do outro”, detalha o artista.
“Nossa casa é onde estão nossas histórias de amor, as coisas que são importantes em nossas vidas. Em nossa casa nos sentimos seguros e confortáveis. É nela que está nossa rotina e também onde acontece o inesperado. É nosso ninho de amor e de proteção”, diz um dos textos da antropóloga que inspira o trabalho de Braz.
“Expor em uma galeria como Ecarta é uma oportunidade única. Primeiro por estarmos voltando a ressocializar após a pandemia e também por trazermos uma nova bagagem desse período vivido para nos referir sobre a nossa própria morada”, interpreta Braz, que encerra o calendário da temporada de artes visuais da Fundação Ecarta antes do recesso de fevereiro.
SERVIÇO:
O QUÊ: Exposição “Casa Brasileira”, de Sirio Braz
DATA: 8 a 30 de janeiro de 2022, de terças a domingos, das 10 às 18h
LOCAL: Galeria Ecarta – Avenida João Pessoa, 943.
Por: Stela Pastore