O Araújo Vianna recebeu nesta semana (dias 26, 27 e 28 de julho) um espetáculo como poucas vezes se viu em seus palcos. Foram três noites de casa lotada, de uma notável cumplicidade entre plateia e artistas e um repertório que não deixou o público se sentar em nenhum momento das noites.
Alexandre Pires e Seu Jorge, com a turnê “Irmãos“, fizeram certamente, o grande show que Porto Alegre viu desde a retomada dos grandes eventos na cidade. O que era para ser uma noite, viraram três devido ao grande volume de vendas. Pudera, com dois super astros da música brasileira reunidos para celebrar seus legados e fazer a festa com homenagens a grandes nomes da música nacional, só poderia terminar em sold out.
Passava das 21:30 quando o acender das luzes do palco refletiu a sombra de seus corpos na cortina que encobria o grandioso cenário da tour “Irmãos”. Quando a dupla entrou entoando a trilha sonora da turnê, composta pelos dois ainda em 2010: “Eu sou o Samba”, de cara vimos que todos os integrantes da banda participariam ativamente do show – percussão, metais, backing vocals – cantando, dançando e interagindo com Alexandre e Jorge e estes com a plateia e com as câmeras.
A partir daí vimos mais de duas horas e meia com uma fileira com mais de 30 músicas, contendo clássicos da carreira de cada um e hits marcantes de outros artistas. A maior parte do tempo tivemos os dois juntos no palco. Alexandre Pires demonstrou todo o poder do showman que é, tomando conta do palco, dançando o tempo todo, sozinho ou com a banda e os backings. Já Seu Jorge, mais discreto nos movimentos e danças, esbanjou técnica e potência vocal, o que Alexandre fez questão de salientar por várias vezes.
Da parte de Alexandre Pires todas vieram de clássicos dos anos 90, quando era vocalista do grupo Só Pra Contrariar, como “É Bom Demais/OutDoor”, “Domingo”, “Final Feliz”, “Que se Chama Amor” (quando, no telão, rodou vídeos de programas de auditório, da época), “Sai da Minha Aba/Mineirinho” e “Essa tal Liberdade”. Somente os dois, ao violão e baixo, cantaram “Depois do Prazer”, quando a plateia, de celulares em punho deram o seu show de luzes e lanternas antes da dupla tocar ”É Isso Aí”, no momento mais emocionante da noite, com a plateia hipnotizada e ao final Alexandre, admirado, diz: “Que coisa mais linda ver esse cara cantando. Que voz!”
Já Seu Jorge, celebrado pelo parceiro de palco como um dos mais premiados artistas brasileiros, trouxe um apanhado bem mais amplo com diversas trilhas sonoras de novelas como “Mina do Condomínio”, “Burguesinha”, “A Doida”, “Amiga da Minha Mulher” e “Alma de Guerreiro (Salve Jorge)” e hits como “Carolina”, “Tive Razão”, “Quem não quer Sou Eu”, “Felicidade” e, do seu antigo grupo Farofa Carioca, “São Gonça (Pretinha)”.
As homenagens percorreram o setlist do início ao fim, intercaladas com o repertório dos dois, começando com “Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda”, de Hyldon, “Quem Dera”, da Turma do Pagode, “Coleção”, de Cassiano, “Tempo Perdido”, da Legião Urbana, “Você Vira minha Cabeça”, de Alcione, “Descobridor dos Sete Mares”, de Tim Maia. E no bis veio um medley matador de Jorge Ben com “Mas que Nada”, “Taj Mahal”, “Filho Maravilha” e “País Tropical”. Neste final apoteótico, bolas de plástico gigantes foram jogadas para a plateia brincar enquanto uma chuva de papel colorido picado e muita fumaça deu um efeito magnífico para o encerramento da apresentação.
Foram três noites inesquecíveis que certamente ficarão na memória dos cerca de 12 mil privilegiados que puderam assistir a estas três apresentações, gerando esta grande experiência sonora, musical, visual e afetiva a todos os presentes. A turnê, que iniciou em 2021 em Belo Horizonte, já passou por Portugal, São Paulo, Xangri-lá, Curitiba, Florianópolis, Rio de Janeiro, Recife, Salvador e passará ainda por Ribeirão Preto, São Paulo, Brasília, Juiz de Fora e Uberlândia até o final deste ano.