Na noite da última sexta-feira (29), o Jota Quest iniciou a curta temporada de três noites no Araújo Vianna, da turnê “JOTA25”, que celebra os 25 anos da banda mineira e já passou por São Paulo e Rio no início deste mês. Originalmente seria apenas uma noite, o sábado, dia 30. Mas a procura, que foi tão grande e frenética, forçou a abertura de mais duas datas: primeiro na sexta (29) e depois no domingo (31). As três noites esgotaram os ingressos.
O sucesso da banda na capital gaúcha não é novidade nem surpresa pra ninguém. E eles mesmo deixam isto bem claro em suas entrevistas sobre sua relação com o RS. Foi aqui que a banda fez sua primeira excursão nacional, quando ainda se chamavam J. Quest e usavam perucas gigantes em suas apresentações. A primeira passagem ocorreu no segundo semestre de 97, com o primeiro show no Expresso 356, em São Leopoldo e no dia seguinte no Bar Opinião, em Porto Alegre. Shows que tiveram repercussão boca-a-boca suficiente para marcar novas datas nas semanas seguintes e o carimbo no passaporte para a sua estreia na terceira edição do Planeta Atlântida, em 1998, que deu projeção nacional à banda.
A turnê, que celebra este quarto de século de estrada, não poderia deixar a capital gaúcha de fora da rota. Serão apenas 13 cidades até dezembro. Ela deveria ter ocorrido em 2020, mas precisou ser adiada devido à pandemia. No repertório da primeira noite entraram trinta canções de todas as fases da banda, inclusive canções novas. Mas, mesmo assim, sentimos falta de ‘Onibusfobia’, ‘Tão Bem’ e ‘Palavras de um Futuro Bom’. E, segundo o vocalista Rogério Flausino, os setlists serão diferentes nestas três noites. Então elas ainda podem entrar.
Uma estrutura gigantesca até mesmo para o grande palco do Araújo Vianna apresentava um telão horizontal e curvado ao fundo e outros dois telões verticais em cada lateral do auditório. Um potente jogo de luzes deu um magnífico efeito visual para as gravações dos celulares e para estrutura de filmagem montada para registrar os bastidores do show para o futuro documentário que vai eternizar a turnê em vídeo. O som no início da apresentação deu alguns sinais de falhas, mas logo foi resolvido e o áudio transcorreu bem até o final.
Na abertura uma sequência de clássicos como “Além do Horizonte” (2005), regravação do rei Roberto Carlos, “Na Moral” (2002), “Encontrar Alguém” (1996) e “Já Foi” (2006) mostrou que a noite iria percorrer todos os álbuns. Com “O Sol” (2005) veio o primeiro momento romântico da noite que voltou diversas vezes com “Amor Maior” (2003), “O Que eu também não entendo” (2000), “O Vento” (1998) “Mais uma Vez” (2002) e o ápice foi com “Só Hoje” (2002), quando Rogério Flausino e o guitarrista Marco Túlio Lara desceram para o meio da plateia para cantar junto com o povão.
Músicas pouco ou que há muito tempo não eram executadas também entraram no roteiro da primeira noite: “Vou por Aí” (1996) o primeiro hit deles aqui no sul e “Oxigênio” (2000), grande canção do álbum homônimo e muito pouco valorizada pelo público e pela crítica, na época do lançamento. Já o album ‘Pancadélico’ (2015) trouxe outras quatro canções pro set: “Daqui Só Se Leva o Amor”, “Viver Tudo o que a vida tem pra te dar”, “Pra Quando Você Se Lembrar de Mim” e “Blecaute”, parceria com Anitta e Nile Rodgers.
Na metade do show, com o palco vazio, foi executado um pequeno vídeo com depoimentos dos cinco integrantes falando sobre estes 25 anos de parceria, cumplicidade e divergências no convívio diário de shows, de estrada e de relacionamentos. No retorno veio uma saraivada de sucessos até o final com “Planeta dos Macacos” e “Fácil” (1998), “Dias Melhores” (2000) e a recém lançada parceria com Dilsinho, “Te Ver Superar”. Para encerrar, “Tempos Modernos”, um hit de Lulu Santos regravado para a abertura de Malhação, em 2012.
No retorno para o primeiro bis, dedicada à escritora Martha Medeiros, “Dentro de um Abraço” (2013) e “Sempre Assim” (1996), antes da grande surpresa da noite com a participação de Seu Jorge em “Ive Brussel”, um cover de outro Jorge, o Ben Jor, feita uma única vez por eles no DVD ‘Multishow Ao Vivo: Jota Quest – Folia & Caos’, de 2012. Pra finalizar com a vibe lá em cima um segundo bis com “Do Seu Lado”, (2003) de Nando Reis, com papel picado e fumaça, que fez a galera pular e cantar a plenos pulmões.
Num show inteiramente marcado pelo amor mútuo entre plateia e banda, o Jota Quest fará um especial dentro do documentário para mostrar em detalhes a relação deles com Porto Alegre, desde os primórdios com longas turnês pelo interior do RS até as sessões invariavelmente lotadas de todas as últimas turnês da banda por aqui.
Nem precisamos dizer ‘volte sempre!’ ou ‘a casa é sua!’, né, Jota!? Já aguardamos o nosso primeiro encontro dos próximos 25 anos.