13 de dezembro. Dia do marinheiro e data que marca o lançamento de “Os Poetas Nunca Dormem”, obra do artista riograndino Carlos Medeiros construída a muitas mãos com os artistas do Coletivo Pedra Redonda. O disco navega por águas profundas de sua poesia e é levado pela mansidão trazida pelas vozes que chegaram dando vida às suas narrativas e poemas, transformando-as em canções. Mais precisamente, 13 canções que recheiam este primeiro álbum feito coletivamente. O lançamento acontece em todas as plataformas digitais.
“Queria muito desenvolver composições em parceria para me pôr em comunhão com espíritos que sentem e tem, em si, a música. Eu necessitava deste encontro com pessoas afins, algo relevante à minha construção. “Os Poetas Nunca Dormem” surge com a conexão Cassino-Pedra e a partir da sinergia gerada nesse encontro, da maneira de encantar todo mundo, pondo a alma na garganta“, explicou Carlos.
O encontro entre o poeta e o Coletivo se deu através da cantora Paola Kirst e do músico Dionísio Souza, em um antigo boteco no bairro dos Navegantes, em Rio Grande, onde assistiam ao show do cantor Gilberto Oliveira. Carlos chegou, se apresentou, disse que já conhecia o trabalho dos artistas, e logo comentou que tinha várias letras de música para compartilhar. Paola conta que não quis nem esperar muito pela chegada do material e já aceitou a proposta, assim, de pronto. A partir daí, as conexões só se estreitaram e se encaminharam para um mergulho em sua trajetória na escrita e na pintura – um outro caminho escolhido pelo artista dentro da arte e que, para todos, sempre foi muito inspirador.
A produção musical do disco ficou a cargo de Pedro Borghetti, que se lançou nesta frente pela primeira vez e que também estreou em outros grandes momentos: gravando sua primeira milonga e gravando junto com seu pai, Renato Borghetti – “Pra mim foi um aprendizado imenso e potente, principalmente, por estamos cercados de pessoas que nos incentivam. É uma honra dizer que fui o produtor desse discão e que acabei caindo nesse papel por sugestão da Paola. Tentei realizar ao máximo as ideias dos compositores e manter as características primordiais das composições. Foi, sem dúvidas, um processo muito mais de escuta do que de proposições”, destacou Pedro.
“Os Poetas Nunca Dormem” contou com sete coautores e intérpretes em sua concepção, entre eles: Marcelo Vaz, Dionísio Souza, Lucas Fe, Paola Kirst, Neuro Júnior, Gilberto Oliveira e Pedro Borghetti, e também com cinco convidados especiais: Bruno Coelho, Ronaldo Pereira,Tamiris Duarte, Renato Borghetti e Myro Rizoma. A mixagem e a masterização foram feitas por Wagner Lagemann, idealizador e fundador do Estúdio Pedra Redonda que também é um dos precursores do Coletivo. Pedro conta que a escolha das participações aconteceu de forma bem fluida e que tudo foi se somando ao processo – “A participação da Tamiris Duarte, por exemplo, foi essencial na canção “Passagem”. A música foi selecionada para o festival da Moenda da Canção, e para isso, o Neuro Júnior pensou em um arranjo a 4 vozes. A Tamiris ajudou ele a bolar esse arranjo e trouxe uma segurança e naturalidade para a música. Ficamos em 3º lugar no festival e, de quebra, saímos bem ensaiadinhos para gravar ao vivo a faixa“.
As 13 canções que compõem o disco serviram como um espaço de experimentação para todos os artistas participantes. Foram várias as possibilidades de vivenciar novas frentes, que, normalmente, não as suas de praxe, o que proporcionou que cada artista realmente se experimentasse. Como no caso do músico Lucas Fe, por exemplo, que destaca a oportunidade de colocar para fora alguns desejos que já tinha – “Eu tinha vontade de estar em outros lugares que não só a bateria, que é onde costumo estar. No meu caso, queria cantar, tocar violão, tocar guitarra e este projeto foi o impulsionamento necessário para tornar real a execução de muita coisa que estava maturando aqui dentro. Só agradeço mesmo!“
Por conta da pandemia de Covid 19, uma parte do processo precisou ser adaptada e algumas canções acabaram sendo gravadas de forma mais caseira, mais improvisada. A ideia de cancelar ou adiar o projeto não se tornou uma alternativa para Carlos, o que foi importantíssimo e inspirador para todos os artistas participantes que puderam contar com este trabalho. Pedro ressaltou, inclusive, a relevância do trabalho de Wagner Lagemann neste processo – “Com a pandemia e o isolamento social, tivemos que gravar em home-studios, o que foi um grande incentivo, tanto para o aprendizado com as dicas de Wagner, quanto nos recursos para a estruturação dos estúdios caseiros. Tudo foi uma grande experiência!“.
O lançamento oficial de “Os Poetas Nunca Dormem” acontece em todas as plataformas digitais e os ventos indicam uma maré de shows em 2023, marcando esta grande estreia. Para o primeiro semestre, ainda estão previstos o lançamento também do disco físico e do livro com as letras das músicas e outras poesias de Carlos, além de imagens das pinturas dele e curiosidades da sua trajetória. Segundo Paola, a maré está a favor e a obra vai chegar ainda mais longe – “Rio Grande é a cidade dos ventos. Acho que esse vento vem atravessado, mas com o poder de transformar coisas. Com desejo de outros alcances e de ouvidos atentos para escutar muitas histórias do extremo sul“, presumiu.
Por: Camila Sequeira