Findando mais um período ‘momesco’, o porto alegrense passa por ele com um gosto amargo por mais um ano onde a população, que não pôde ir ao litoral, ficou novamente sem opções de diversão e entretenimento em Porto Alegre, durante o carnaval. A gestão Melo virou as costas para a festa mais popular do país. A ausência de blocos nas ruas foi por total negligência, quando não sabotagem, do prefeito e seus secretários, das mais diversas pastas, que burocratizam processos e atrasaram editais e licitações para o financiamento dos coletivos que querem levar o povo a ocupar as ruas e parques da cidade com segurança e organização.
Sem agenda, sem incentivos, sem local e sem estrutura mínima, grande parte dos blocos tradicionais não foram às ruas neste carnaval. Somente grupos que investiram valores do próprio bolso ou com apoios e parcerias com empresas privadas e pessoas físicas. Dos 27 blocos que saíram às ruas da capital em 2020, último ano que teve carnaval de rua com algum investimento público, somente três realizaram eventos e ainda assim com parcerias privadas (bares, cervejarias, food trucks…).
Vendo o resto do país se divertindo e extravasando nas ruas de suas cidades com um suporte mínimo do poder público, tanto estrutural quanto financeiramente, vemos com cada vez mais clareza o desprezo das nossas autoridades ao direito do povo de querer ter seu carnaval e o desleixo com a economia local. E não ajuda muito, vir às vésperas do carnaval, com uma oferta de valores muito abaixo dos custos básicos para um evento desta envergadura, que agrega milhares de pessoas, sem a garantia de um local para os blocos se manifestarem e com prazos completamente inviáveis e fora da legalidade das regras municipais para editais e licitações.
Depois das privatizações da orla e até do nosso réveillon, onde houve limitação de entrada de pessoas e a cobrança de ingresso da cervejaria patrocinadora, o prefeito Sebastião Melo e o secretário de cultura Henry Ventura demonstram cada vez menos vontade de resolver as questões do carnaval popular porto alegrense. Pelo contrário, a ordem é reprimir mesmo, como ocorreu na Cidade Baixa, neste final de semana, onde um grupo de músicos se reuniu e foi dispersado por policiais a cavalo, obrigando-os a recorrer a uma aglomeração ‘clandestina’ no espaço mais seguro de Porto Alegre para este tipo de atividade: a Esquina Democrática.
Os grupos e coletivos não pedem nada demais. Apenas um local decente e uma estrutura física básica para receberem seus foliões com um mínimo de organização e segurança. Com a prefeitura incentivando estas atividades, estes coletivos e a população geram diversos postos de trabalho, fazem o dinheiro circular com gastos com hospedagens e com o comércio local e também deixam milhares de reais em impostos no tesouro público. Ou seja, não é gasto. É investimento!