Um dos shows mais aguardados do ano, o Red Hot Chili Peppers retornou a Porto Alegre após uma espera de longos 21 anos. A banda norte-americana se apresentou para uma multidão de mais de 50 mil pessoas na Arena do Grêmio, nesta quinta-feira (16).
Atendendo às expectativas, após uma ‘jam session’, a banda deu início à apresentação com “Can’t Stop“, incendiando a Arena e fazendo com que todos pulassem. A sequência inicial incluiu também os sucessos “Scar Tissue” e “Snow ((Hey Oh))“, proporcionando um começo eletrizante que cativou e conectou o público à banda.
O repertório do show na capital foi considerado um dos melhores da turnê pelo Brasil. Além dos hits consagrados, a banda presenteou o público com músicas que há muito tempo não eram tocadas, incluindo releituras de outros artistas.
Eles incluíram covers marcantes, como o tributo aos Ramones com “Havana Affair“, e a interpretação da clássica “What Is Soul?” do Funkadelic. Também foram apresentadas músicas menos comerciais, porém muito bem recebidas pela plateia, como “Parallel Universe“, “Soul to Squeeze” e “Tell Me Baby“. A grande surpresa veio com “Strip My Mind“, lado B do álbum ‘Stadium Arcadium’ (2006), que não era executada ao vivo há mais de um ano – um verdadeiro presente para o público gaúcho.
Em relação a músicas novas, foram apresentadas apenas quatro canções no repertório: “Eddie“, “Tippa My Tongue“, do ‘Return of the Dream Canteen’ (2022); “Here Ever After” e o sucesso “Black Summer“, do álbum ‘Unlimited Love’ (2022). Todas foram bem recebidas pelo público, mesmo aqueles que não conheciam as letras, acabaram apreciando as músicas da mesma forma.
O sucesso “Californication“, que marcou toda uma geração nos anos 2000, foi a música mais aclamada da apresentação. Ela arrancou suspiros, lágrimas e gritos do público, que provavelmente visualizava cenas do videoclipe passando na tela da MTV em algum momento daquela década. Uma onda de pura nostalgia!
Outro grande sucesso, “By the Way“, encerrou a primeira parte do show. Essa canção deu nome ao álbum e à turnê que trouxe o Red Hot Chili Peppers a Porto Alegre em 2002.
Após uma breve pausa, a banda retornou ao palco para o bis com uma sequência de três canções do álbum ‘Blood Sugar Sex Magik’, lançado em 1991. Entre elas, foram apresentadas duas músicas que não eram tocadas há algum tempo: “Sir Psycho Sexy” e “They’re Red Hot“, um cover de Robert Johnson. O sucesso “Give It Away” encerrou a apresentação com uma energia contagiante.
A sinergia entre os membros da banda é notável; é fascinante ver três músicos executando seus instrumentos com tanta habilidade. Flea dominando o baixo como se fosse uma guitarra leve é impressionante. Os solos de guitarra de Frusciante levam a uma jornada transcendental. Chad Smith e sua bateria proporcionam um espetáculo à parte. Cada jam session era uma oportunidade para se encantar ainda mais com o funk rock do Chili Peppers.
O retorno de John Frusciante à banda é digno de elogios. Com todo o seu talento, ele exibe riffs e solos improvisados. Houve até tempo para um cover de “Terrapin“, de Syd Barrett. Flea é outro destaque, com seu carisma inabalável, sendo o único membro da banda que interage verbalmente com o público, além de dançar e pular incessantemente. Anthony Kiedis lidera bem a apresentação, mas não se comunica diretamente com a plateia; todos os diálogos dele são com os colegas de banda. Os fãs já devem estar acostumados, mas para quem não acompanha, a falta de interação do músico pode ser surpreendente. Mesmo usando uma bota ortopédica, ele salta, corre e dança pelo palco com a vitalidade de um jovem no auge dos seus 20 e poucos anos.
Assim aconteceu o reencontro entre o Red Hot Chili Peppers e Porto Alegre, após duas décadas de espera. Foi um espetáculo eletrizante, com um repertório habilmente selecionado, que ressoou de maneira envolvente. O público presente irradiava uma energia contagiante, enquanto mergulhava em uma atmosfera nostálgica e arrebatadora. Uma noite inspiradora, onde a música se tornou um elo entre gerações e uma lembrança inesquecível de uma noite verdadeiramente mágica.