Oito anos depois, o Planet Hemp retornou a Porto Alegre com muita raiva e fúria, em um show intenso e extasiante que eletrizou a plateia que lotou o Araújo Vianna. Desde aquele show no Pepsi On Stage, em 2015, muita coisa aconteceu no Brasil, e a banda sobreviveu aos tempos obscuros que ultrapassamos nos últimos anos.
Quando o show do Planet Hemp em Porto Alegre foi anunciado, muitos questionaram a escolha do local, conhecendo o estilo dos shows da banda por onde passavam. O auditório com cadeiras em todos os setores poderia atrapalhar um dos momentos mais icônicos da apresentação da banda carioca: as rodas.
Ao entrar em cena, BNegão convocou imediatamente o público a descer para a frente do palco: “Alguém pensou que não teria roda no Araújo Vianna? Venham, desçam todo mundo. Vamos girar, Porto Alegre!? Gira, gira, gira!!”. A multidão desceu da plateia e ocupou toda a extensão da frente do palco, no espaço normalmente destinado aos fotógrafos dos eventos. E as rodas giraram durante toda a noite.
A banda apresentou aos gaúchos o álbum ‘Jardineiros‘, o primeiro de inéditas em 22 anos. Foram tocadas 36 músicas ao longo de mais de 2 horas de show, intercalando clássicos de álbuns icônicos como ‘Usuário‘ e ‘A invasão do sagaz homem fumaça‘ com os lançamentos.
O início foi marcado pelo primeiro single do último disco, “Distopia“, em parceria com Criolo. Em seguida, uma série de homenagens a ídolos do rap e do hip hop que foram importantes para a banda, como Skunk (membro fundador), Marcelo Yuka, Sabotage, Chico Science e Kalunga, iniciando com a primeira catarse da noite em “Dig Dig Dig (Hempa)“, seguida por “Marcelo Yuka“, “Taca Fogo“, “Fazendo a Cabeça“, “Hip Hop Rio“, “Mary Jane” e “Salve Kalunga“.
A música “Jardineiro“, lançada no ano passado, já está na boca do público. A segunda catarse coletiva veio com “Legalize Já!” e “Não Compre, Plante!“. “Crise Geral“, do Ratos de Porão, trouxe à lembrança Jabá, baixista falecido recentemente, antecedendo outras três novas: “Remedinho“, “Veias Abertas” e “Eles Também Sentem“. A partir daí, até o final, foram só petardos como “Phunky Bhudda“, “raprocknrollpsicodeliahardcoreragga“, “O Ritmo e a Raiva“, “Zero Vinte Um“, “Quem tem Seda“, “Stab“, “Queimando Tudo” e “Contexto“.
Sem bis, BNegão e Marcelo D2 lembraram da importância do rock gaúcho para a trajetória e a obra do Planet Hemp, citando alguns dos maiores nomes da música local. Em meio às menções a ‘Marielle Presente” e ‘Palestina Livre’, condenaram o genocídio na Faixa de Gaza e o descaso do prefeito de Porto Alegre e da concessionária de energia elétrica com a população que sofre diante de mais uma tragédia climática que se abateu sobre a capital gaúcha na última semana: “Privatiza que melhora!”, bradou D2.
Para o final, uma palhinha de “Dívida“, da Ultramen, e o agradecimento ao Opinião por ter aberto as portas para a banda lá no início, quando eles mal haviam saído das fronteiras do Rio de Janeiro. “Samba Makossa“, “A Culpa é de Quem” e o hino de uma geração toda “Mantenha o Respeito“, fecharam um setlist que agradou a todos e que saciou a saudade que os gaúchos estavam deles. Só não demorem tanto tempo a voltar!