Lied Ballet by Thomas Lebrun

Quando: 21:00 07/10/2016
Onde: Av. Túlio de Rose, 80, Porto Alegre - RS, Brazil
Quanto: 50,00


O transgressor Lied Ballet, criado pelo coreógrafo Thomas Lebrun, aborda uma forma de dança livre, que aceita diferentes influências e abre um leque de possibilidades coreográficas. Uma dança que desafia dicotomias entre clássico e contemporâneo, preciso e abstrato, e tenta encontrar o seu próprio lugar nas entrelinhas. O espetáculo vem pela primeira vez ao Brasil neste ano. Com realização da Opus Promoções e Ministério da Cultura.

O espetáculo, apresentado em três atos, une duas grandes referências do período romântico em roupagem atual: o Lied, palavra de origem alemã e de gênero neutro, que representa a música erudita cantada sobre poema estrófico, e o Ballet. Os temas românticos Lieder são transformados em movimento, criando uma escrita coreográfica que começa com mímica e termina em abstração. No final, tudo se conjuga em um grande coro desafiando gêneros e categorias, expressando fundamentalmente a confiança do artista no corpo dançante.

No palco são oito dançarinos que, juntos, fazem de si um legado coreográfico e musical, afirmando-se, como Thomas Lebrun descreve, “Não tanto como criadores, mas como fabricantes, atores, reatores, transmissores de uma história que não podemos controlar, que nos carrega e nos alimenta”.

Em movimento

Utilizando letras de música como compasso, e de fato como a principal fonte da composição coreográfica, este novo trabalho brinca com tendências passadas, flertando com a narrativa ou com a composição formal do ballet e deslizando em direção aos temas melódicos íntimos do romantismo. Morte, amor, natureza, reflexão e solidão são todos pontos muito comuns compartilhados pelas duas formas, ainda que elas tenham seguido direções opostas – canções populares tornando-se conhecidas; espetáculos criados para a burguesia que agora podem ser vistos em anfiteatros por todos, mas que são desdenhados por artes inovadoras. Por meio de suas diferentes evoluções, a música e o ballet questionam o espaço aberto a questões sociais e tolerância em contextos culturais.

O primeiro ato, centrado na força da simplicidade gestual, guiado por versos e sonhos, e ritmado por fotos post-mortem vitorianas, marca o encontro de personagens ímpares: crianças falecidas, uma jovem, doce e pálida garota, uma burguesa solitária à beira da loucura e um poeta amaldiçoado prostrado pelo peso do mundo. Carregado pelos acordes obstinados de Chukrum, uma peça para uma orquestra de cordas de Giacinto Scelsi, este ato permite que uma pantomina pitoresca e pura se enraíze – impulsionado pela paixão interior do bailarino.

Um segundo ato, com canções de Berg, Mahler e Schoenberg, e cantadas pelo tenor Benjamin Alunni, acompanhado pelo pianista Thomas Besnard, dá aos oito bailarinos tempos coreográficos precisos e apaixonados que delineiam espaços, ecoando as variações pas de deux e pas de trois, conhecidas do ballet. Com uma minuciosa relação com a música, este ato também questiona a ideia da habilidade nos tempos modernos, que talvez não seja a que imaginamos. As qualidades e singularidades dos diferentes bailarinos recebem destaque, o que para Thomas Lebrun é o mais importante.

Um terceiro ato, de refrão, escrito ao som de uma composição musical de David François Moreau, dilui e coloca novamente em foco a questão social, acelerando o ritmo, prendendo o indivíduo em um loop infinito e seguindo os passos dos mais velhos, do desconhecido, dos que já partiram e foram apagados. Ainda, nascido de nós, no entanto, no calor da ação, em uma coreografia sem escapatória. A mesma dança floresce de formas diferentes no mesmo corpo ou em outros corpos. Um ato de resistência e de aceitação das referências.

Thomas Lebrun

Bailarino para coreógrafos como Bernard Glandier, Daniel Larrieu, Christine Bastin, Christine Jouve ou Pascal Montrouge, Thomas Lebrun fundou sua companhia de dança (Companhia Illico) em 2000, após a criação do solo Cache ta joie! baseado no Région Nord – Pas de Calais, ele foi o primeiro artista associado ao Vivat d’Armentières (2002-2004) antes de se associar ao Choreographic Development Center of Dance à Lille, entre 2005 e 2011.

Thomas Lebrun também participou da criação de performances com o coreógrafo suíço Foofwa d’Imobilité (Le show / Un twomen show) e com o coreógrafo francês Cécile Loyer (Que tal!). Ele também ensina dança contemporânea e oferece um espaço importante à transmissão: os Centros Nacionais de Dança de Pantin e Lyon, na França e o Paris Conservatoire of Music and Dance.

Thomas Lebrun também cria performances para bailarinos e companhias de dança estrangeiras: o Chinese National Ballet de Liaonning, o Grupo Tapias no Brasil (um solo e um quinteto – em 2009, para o Ano da França no Brasil), um solo para a bailarina e coreógrafa lituana Loreta Juodkaité (durante a edição de 2009 do New Baltic Dance Festival – evento Vilnius and the FranceDanse Vilnius organizado pela Culturesfrance) e recentemente, na Coreia do Sul, para seis bailarinos coreanos na criação FranKorean Tale como abertura do Festival MODAFE em Seul, dentro do FranceDanse Corée, organizado pelo Instituto Francês.

Em 2010, ele foi comissionado pela 64ª edição do Festival d’Avignon e SACD com um solo chamado Parfois, le corps n’a pas de coeur (Às vezes, o corpo não possui um coração). Em maio de 2011, Thomas Lebrun criou Six order pieces, um solo escrito em colaboração com seis artistas convidados: os coreógrafos Michèle Noiret e Bernard Glandier, a cineasta Ursula Meier, a cinegrafista Charlotte Rousseau, o designer de iluminação Jean-Marc Serre e o compositor musical Scanner. Em março de 2012, ele criou sua versão de La jeune et la mort (A Morte e a Donzela) com sete bailarinos (entre 26 e 62 anos de idade), um cantor de ópera e um quarteto de cordas ao vivo.

Desde 2012, Thomas Lebrun é o diretor do centro coreográfico Nacional de Tours.

Ficha Técnica
Coreografia: Thomas Lebrun
Bailarinos: Maxime Camo, Anthony Cazaux, Raphaël Cottin, Anne-Emmanuelle Deroo, Anne-Sophie Lancelin, Matthieu Patarozzi, Léa Scher, Yohann Têté
Cantor: Benjamin Alunni
Piano: Thomas Besnard
Músicos: Alban Berg, Gustav Mahler, Giacinto Scelsi, Arnold Schönberg
Criação musical: David François Moreau
Iluminação: Jean-Marc Serre
Criação sonora: Mélodie Souquet
Criação de figurinos: Jeanne Guellaff
Figurinos feitos por: Jeanne Guellaff, Sylvie Ryser