A temática amor versus solidão está no centro da discussão do novo espetáculo do Grupo Trilho – “Enfim Sós – Uma tragicomédia clownesca” -, que tem estreia prevista para o dia 02 de julho próximo, no Teatro Bruno Kiefer, em Porto Alegre. A montagem utiliza a linguagem do clown (palhaço). Dirigida ao público adulto, a peça foi contemplada com o Prêmio Funarte Caixa Carequinha de Estímulo ao Circo 2014, do Ministério da Cultura, e cumprirá temporada de quinta a domingo, até o dia 19 de julho. No próximo sábado, dia 23 de maio, às 18h, o grupo realiza Ensaio Aberto na Sala 503 da Usina do Gasômetro, com entrada franca.
Com atuações de Fábio Castilhos e Melissa Dornelles, tendo como diretora convidada Luciane Olendzki, a dramaturgia está sendo construída a partir das improvisações dos atores e de relatos biográficos de histórias de amor, coletadas na pesquisa realizada com os moradores do Lar Maria de Nazaré, da Associação de Cegos Louis Braille (ACELB) e na atividade “Amor (re) partido” (uma ação performática na Usina do Gasômetro, que coletou relatos e histórias de amor, de pessoas que voluntariamente queriam compartilhar, improvisados pelos atores/palhaços e os músicos responsáveis pela trilha sonora do espetáculo).
Se em “Umbigo” (2014), apresentado em ruas e parques do Brasil e do Chile, o grupo fazia uma ácida crítica à sociedade contemporânea a partir do comportamento egoísta do indivíduo em relação ao grupo, em “Enfim Sós” o alvo é a relação a dois. Neste aspecto, o casamento é tomado como ambiente emblemático, onde sentimentos intensos e controversos são partilhados, em constante tensão.
Segundo Luciane Olendzki, a “escolha do tema vai ao encontro da pesquisa de linguagem sobre o tragicômico na cena clownesca, tema de minha pesquisa e trabalho. Isto possibilitou ao grupo investigar a intersecção e os tensionamentos entre o trágico e o cômico, tendo como temática base o amor”, explica a diretora. Desde a criação do espetáculo “Baú – Lembranças e Brincanças”, o grupo vem buscando construir uma dramaturgia própria e o faz de forma obstinada, há cerca de 04 anos.
Programação
Além das 12 sessões no Teatro Bruno Kiefer, estão previstas: 04 apresentações gratuitas em espaços não convencionais; 01 apresentação do espetáculo no Lar Maria de Nazaré e 01 intervenção na Associação de Cegos Louis Braille (ACELB), locais onde foram coletados os relatos com idosos; 01 apresentação no Asilo Padre Cacique; e 01 apresentação no Sarau da Casa do Artista Rio-Grandense, todas seguidas de bate-papo. Integra a proposta a realização de 03 oficinas gratuitas sobre a linguagem clownesca, abertas ao público interessado, no mês de agosto, sendo 02 realizações do “Workshop Vivencial de Clown” e 01 realização da “Saída de Emergência”.
Nas quintas-feiras, as apresentações terão entrada franca, mediante doação de lâmpadas econômicas 110v, sacos de lixo de 100l, gêneros alimentícios (preferência por molhos) ou produtos de limpeza para Casa do Artista Rio-Grandense. Nas quintas e sextas, haverá agendamento para escolas e instituições de ensino. De sexta a domingo, o preço será de R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia-entrada).
Sobre o Grupo Trilho
O Grupo Trilho de Teatro Popular está comemorando, em 2015, nove anos de estrada, tendo criado e produzido, desde 2013, números e espetáculos de palhaço, realizando saídas de campo em diversos locais de Porto Alegre, oferecendo vivências e oficinas de formação. O trabalho com o clown se fortaleceu a partir da chegada da atriz e palhaça Melissa Dornelles que percorreu uma trajetória de pesquisa na linguagem do palhaço desde o início de sua carreira teatral em 1998. Melissa passou a integrar o Grupo dirigindo o espetáculo infantil solo de palhaço, com atuação de Daniel Gustavo, “O Homem Mais Sério do Mundo”. Este trabalho participou do circuito regional do SESC, cumprindo mais de 20 apresentações em 06 cidades, da 9º edição do Palco Giratório Porto Alegre, além de realizar apresentações na cidade de Buenos Aires em fevereiro deste ano.
O Grupo Trilho fomenta a arte da palhaçaria também dentro do Projeto Usina das Artes, realizando a “Saída de Emergência”, que é uma oficina gratuita, seguida de um passeio dos palhaços participantes pela orla do rio Guaíba em performance e interação com o público. Em treze edições, realizadas desde fevereiro de 2014 já passaram por esta vivência cerca de 200 pessoas, a maioria sem nenhuma experiência prévia com palhaço. O Grupo também realizou e produziu o “Clownbaret”, evento realizado na Casa de Teatro, alcançando um público de 600 pessoas em quatro edições. Deste modo, o Grupo tem investido na disseminação desta linguagem de forma consistente e continuada.
Atualmente, composto por 06 atores e 02 músicos, realiza espetáculos, esquetes, intervenções cênicas e oficinas. O Grupo também tem como referência e influência de pesquisa o dramaturgo e teatrólogo alemão Bertolt Brecht. Através de elementos e conceitos pensados por Brecht, o Trilho define sua busca por um teatro popular e transformador.
Por: Silvia Abreu