O filme “Dheepan”, do francês Jacques Audiard, recebeu na noite deste domingo (24), no Festival de Cannes, a Palma de Ouro da 68ª edição. O filme, que não era um dos favoritos para levar o prêmio principal do festival, conta a história de um ex-guerrilheiro do grupo Tigres de Libertação da Pátria Tamil do Sri Lanka que chega a França com um passaporte falso, ao lado de uma jovem e de uma criança que se passam por sua família.
O filme de Audiard conta a história de um ex-guerrilheiro dos Tigres de Libertação do Eelam Tâmil do Sri Lanka que chega à França com um passaporte falso acompanhado por uma jovem e uma menina que se passam por sua família. Depois de receber asilo político, ele encontra um trabalho de porteiro em um gueto, reduto de imigrantes, de exclusão e de pobreza. “Dheepan”, interpretado por Jesuthasan Antonythasan, tenta construir uma vida familiar com essas duas desconhecidas.
O filme de Audiard tem bastante da própria vida do protagonista, que se envolveu na guerrilha independentista aos 16 anos, aos 19 fugiu para a Tailândia e quatro anos depois, em 1993, chegou à França, que lhe concedeu asilo político. “Me pareço em cerca de 50% a esse personagem”, confessou o escritor e ator amador, segundo a France Presse. Para o diretor francês o que mais lhe interessava nessa história era a “falsa família” que pouco a pouco vai se transformando em uma família de verdade, à medida que os três personagens aprendem a se conhecer, a se respeitar e a se amar. “Este homem antes lutava por razões políticas. Depois só lutou pelas pessoas que ama”, explicou Jacques Audiard.
Veja abaixo a lista dos outros vencedores desta edição:
Grande Prêmio
O filme “Saul Fia” (“Son of Saul”), uma impactante história em um campo de concentração, do jovem cineasta húngaro Laszlo Nemes, foi premiado com o Grande Prêmio do Festival de Cannes.
“Saul Fia” conta o drama de um prisioneiro em um campo de concentração que acredita descobrir o corpo de seu filho entre uma pilha de mortos na câmara de gás e em meio à barbárie nazista tenta enterrá-lo segundo o ritual judeu. “Este continente ainda está habitado pelo tema”, disse Nemes ao receber o prêmio.
Melhor diretor
O taiwanês Hou Hsiao-Hsien recebeu o prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes pelo filme “The Assassin”, sobre uma assassina na China da dinastia Tang. Protagonizada pela grande estrela do cinema de Taiwan Shu Qi, o filme é construído como uma série de quadros e se mantém afastada do gênero das artes marciais, ainda que elas estejam presentes, maravilhosamente coreografadas.
Ambientado no século 9, o filme é visto como uma pintura antiga e difícil de ser entendido por uma visão ocidental.
Prêmio do Júri
O grego Yorgos Lanthimos ganhou o Prêmio do Júri por “The Lobster”, protagonizado por Colin Farrell.
Câmera de Ouro
O filme “La tierra y la sombra”, do colombiano César Acevedo, sobre as relações de uma família em uma plantação de açúcar, foi o vencedor da categoria Câmera de Ouro, que premia o melhor filme de um diretor estreante no Festival de Cannes. Exibido na “Semana da Crítica”, o filme já havia recebido o Grande Prêmio desta mostra paralela.
Melhor roteiro
O filme “Chronic” do mexicano Michel Franco, impactante retrato de um enfermeiro que cuida de pacientes em estado terminal interpretado pelo britânico Tim Roth, venceu o prêmio de melhor roteiro do Festival de Cannes.
Rodado em inglês, “Chronic” era o único filme da América Latina na mostra oficial este ano em Cannes, onde o cineasta mexicano de 35 anos foi premiado em 2012 na mostra Um Certo Olhar com “Después de Lucía”.
Melhor Atriz
A americana Rooney Mara (“Carol”) e a francesa Emmanuelle Bercot (“Mon Roi”) foram anunciadas neste domingo como as vencedoras do prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes. A decisão do júri pegou quase todos de surpresa, já que muitos apostavam em um prêmio para a australiana Cate Blanchett, que interpreta a mulher que se apaixona pela personagem de Rooney Mara no filme “Carol”, do americano Todd Haynes.
O júri, presidido pelos irmãos Joel e Ethan Coen, decidiu dividir o prêmio entre Mara e Bercot, protagonista do filme “Mon Roi”, da diretora francesa Maiwenn.
Melhor ator
O ator francês Vincent Lindon venceu o prêmio de interpretação masculina do Festival de Cannes por seu papel de desempregado no filme “La loi du marché” “(A lei do mercado”), do diretor francês Stéphane Brizé.
No filme, que faz um retrato demolidor das consequências do capitalismo selvagem, Lindon interpreta Thierry, um homem desempregado há muito tempo, pai de um filho deficiente, que encontra um trabalho de segurança em um supermercado no qual deve espionar os empregadoss para que, após qualquer falha, eles sejam demitidos.
Curta-metragem
O prêmio foi para o filme “Waves ’98”, do diretor libanês Ely Dagher.
Por: G1