Músico, pesquisador e produtor porto alegrense, Marcos Dub, lança no dia 24 de outubro, o single “Walking between lions and lionesses”. A música faz parte do seu primeiro EP solo, o Didgital Dub-I, onde insere o Didgeridoo, um instrumento de sopro aborígene australiano com o dub, criando um diálogo com o princípio da sonoridade humana, até os avanços tecnológicos atuais.
O Didgital Dub-I é um projeto que tem várias parcerias, inclusive internacionais. Está sendo gravado em Caxias, no estúdio Roots Rock Records e produzido por Roger Risa, baterista caxiense.
O artista coleciona discos de reggae e realiza pesquisas aprofundadas sobre a temática, desde o final dos anos 80. A partir de 95 começa a utilizar o Reggae, Ska, Rock Steady e Dub como ferramenta para desenvolver diversos projetos na Vila Farrapos, onde reside. Marcos Dub já apresentou oficinas e palestras em diversas escolas e ambientes públicos.
Ele foi um dos fundadores da banda Planet Roots e também desenvolveu projetos como o Mountain Top Dub, com o baixista Davilexx e Marcelo Brum.
Marcos Dub vê a música como uma ferramenta para expandir a transcendência ancestral. É influenciado pelo reggae mais militante, espiritual e filosófico. Para ele, o reggae trouxe um pensamento e uma visão diferente do rock: eram questões cotidianas do terceiro mundo.
Marcos Dub sempre teve contato com a literatura, desde a infância tinha livros em casa. Escreveu sobre coisas que lia, pensamentos e poemas. Questões relacionadas à Vila Farrapos, contestação sobre o porquê de ricos e pobres, entre outras coisas.
“A Vila farrapos sempre foi uma efervescência cultural, com muitos músicos e artistas. A Planet Roots falava sobre contestação cultural e anticolonialismo. Era a música como instrumento de transformação”, conta Marcos Dub.
Ele lembra que a música acompanhou toda a história antropológica e cultural da humanidade. “Nossas produções no Didgital Dub-I são feitas à base de muita conversa e busca na ancestralidade. Um processo humanizado, onde tudo pode ser incluído nessa ideia”, afirma.
Para Marcos Dub, a humanização na música significa ter contato com as pessoas, descobrindo juntos, por trocas, como uma tribo. “A música traz repatriação, libertação, reparação. Quando você humaniza e vai na origem da música, pesquisa como ela foi criada, trazendo-a como instrumento de educação e valorização das ideias desses povos antigos. Eu considero a minha música um pouco antropológica, pois busco temas que não nos ensinaram na escola, para traçar nosso destino através dessa musicalidade ancestral e humanizada”, revela Marcos.
Sobre o single
A música “Walking between lions and lionesses” surgiu de uma experimentação de sonoridades, alguns timbres dos anos 80 e 90. “Eu e o Roger Risa buscávamos algo diferente para juntar com o Didgeridoo australiano. Quando definimos e utilizamos o elemento do Dub na canção instrumental, ela passou por uma transformação de laboratório. Aí conseguimos atingir a sonoridade que queríamos, sem uma rotulação musical, juntando os elementos Dub com o Didgeridoo. Ela é a fusão entre o passado ancestral e o contemporâneo tecnológico musical.
Marcos Dub conta que todo esse trabalho foi um processo de humanização. Ele utilizou um instrumento ancestral para somar ao projeto. “Quando lidamos com a musicalidade ancestral é lógico que tentamos humanizar os processos. Andando entre leões e leoas é como percebemos os seres, e os leões sempre representaram algo de majestade, uma herança de reinado. É como vemos cada indivíduo, como reis e rainhas, como príncipes e princesas. Caminhamos entre elas, caminhando e juntando-nos a esses reis e rainhas, às suas vivências”, explica.
Primeiramente a música foi composta com o objetivo de buscar uma sonoridade diferente. A mensagem que a canção pretende passar é que todos somos indivíduos e podemos “andar” todos juntos e nos encontrar nas ruas e nas esquinas, num mundo social e coletivo.
Participam do single
Didgeridoo: Marcos Dub
Baixo: Roger Risada
Bateria: Roger Risada
Guitarra base: Roger Risada
Guitarra solo: Ras Cylon
Teclado: Roger Risada
Gravação, mixagem e masterização: Roger Risada, no estúdio Roots Rock Records – Caxias do Sul
Por: Juliana Leal