Depois de discutir a ressignificação do espaço urbano e coletivo através da arte em sua edição inaugural em 2019, o Festival Conexões Literárias retorna em 2020 e mantém o propósito de provocar reflexões sobre o acesso à comunicação, cultura e lazer e o papel das literaturas diante desse cenário. Reunindo alguns dos mais prestigiados escritores, artistas e intelectuais brasileiros contemporâneos, o evento ocorre de 5 a 8 de novembro pelas redes sociais. Como no ano passado, a Final Gaúcha de Slam vai marcar o encerramento.
Entre os nomes confirmados na programação, estão o escritor e ativista do movimento negro baiano Hamilton Borges, o poeta e escritor piauiense dedicado à causa quilombola Antonio Bispo, os escritores porto-alegrenses José Falero e Tônio Caetano (este, vencedor do Prêmio SESC de Literatura 2020), e as slammers e poetas cariocas MC Martina e Carol Dal Farra. Estes encontros acontecem de 5 a 7 de novembro, a partir das 19h.
Já a 4ª Final Gaúcha de Slam 2020 ocorre no dia 8, a partir das 17h. Os concorrentes que vão disputar a vaga para representar o Rio Grande do Sul na final nacional do Slam BR estão sendo anunciados nas redes sociais do festival.
“Algo que sempre esteve presente em todas as rodas de slam, seja direta ou indiretamente, é o ato de questionar e um desses questionamentos trata da questão espacial, geográfica, o centro e a periferia. Por isso, muito influenciado pelo Encontro Literário das Periferias em 2018, o primeiro Festival Conexões Literárias aconteceu em 2019 no extremo sul de Porto Alegre, na Restinga, dentro da SRB Estado Maior da Restinga. O distanciamento social está estruturado na cidade mais financeiramente desigual entre pretos e brancos do Brasil. Queremos fortalecer esse ideia, para que assim possamos debater de maneira mais sincera estas violências históricas, que em tempos de crise, como agora, nos afetam ainda mais”, explica Janove, um dos organizadores do festival, a propósito das ideias que norteiam o evento desde sua primeira edição.
Confira a programação completa abaixo.
2º Festival Conexões Literárias: Distanciamento social sempre existiu!
5 de novembro, quinta-feira, às 19h
Distanciamento social sempre existiu! Do que a literatura te aproxima?
Com Hamilton Borges e Antonio Bispo. Mediador: Janove.
6 de novembro, sexta-feira, às 19h
Territorialidade, pandemia e o acesso: qual o papel político da nossa literatura?
Com José Falero e Tônio Caetano. Mediador: Janove
7 de novembro, sábado, às 19h
Se correr o vírus pega, se ficar a bala come: a literatura na favela em tempos de pandemia
Com MC Martina e Carol Dal Farra. Mediadora: Tiatã
8 de novembro, domingo, às 17h
4ª Final Gaúcha de Slam 2020
Saiba mais!
Hamilton Borges
Nasceu e se criou na Rua do Curuzu, 294, Liberdade, Salvador, Bahia, Brasil e, atualmente, vive no Engenho Velho de Brotas. Afirma que seu conhecimento vem dos movimentos de luta preta e do convívio afetivo com as mulheres de sua família, especialmente sua avó paterna. Idealizou e integra a organização política “Reaja ou será morta, Reaja ou será morto” e atua na Escola Pan-africanista Winnie Mandela. Coordena o Projeto Cultura Intramuros na Penitenciária Lemos Brito onde desenvolve ações de política cultural e luta por direitos de prisioneiros e prisioneiras. Publicou, pela Editora Reaja, em 2017, “Teoria Geral do Fracasso”, livro de poemas e em 2018, “Salvador, cidade túmulo”, livro de contos, que foi traduzido e lançado na Califórnia e em Washington nos Estados Unidos da América, em 2019 o romance “O livro preto de Ariel”.
Nego Bispo
Poeta, escritor e intelectual que prefere ser chamado de relator de saberes, Antônio Bispo dos Santos, o Nêgo Bispo: é autor de inúmeros artigos e poemas, bem dos livros Quilombos, modos e significados (2007); e Colonização, Quilombos: modos e significados (2015). Lavrador, formado por mestras e mestres de ofícios, morador do Quilombo do Saco-Curtume (São João do Piauí, PI). Ativista político e militante de grande expressão no movimento social quilombola e nos movimentos de luta pela terra, Nêgo Bispo é atualmente membro da Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Piauí (CECOQ/PI) e da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ). Tem um grande gosto pela escrita poética, pois desde muito cedo precisou desenvolver sua habilidade de traduzir para a linguagem escrita das cartas os sentimentos as sabedorias e as vivências de seus parentes e vizinhos. Também foi professor e mestre convidado do projeto Encontro de Saberes.
José Falero
José Carlos da Silva Junior nasceu e vive na Lomba do Pinheiro, periferia de Porto Alegre. Adotou o pseudônimo “José Falero” em homenagem à mãe, de quem herdou a veia artística, mas não o sobrenome. É escritor, autor de “Vila Sapo” (Venas Abiertas, 2019) e “Os supridores” (Todavia, 2020); escreve semanalmente para a revista digital Parêntese.
Tônio Caetano
Tônio Caetano é filho de Virginia e Armindo, pai da Safira e dindo do Guga, da Sarah e do Ique. Cresceu correndo com os seis irmãos pelas lombas da Vila Vargas, periferia de Porto Alegre. É uma pessoa em busca da própria voz, do seu lugar na luta que cabe a cada um diante da realidade e de si. Integra as coletâneas Contos de Mochila, Minicontos de Amor e Morte e Planeta Fantástico, pela Editora Metamorfose (RS), e Ancestralidades: escritores negros, pela Editora Popular Venas Abiertas (BH). Em 2020, venceu o Prêmio SESC de Literatura, na categoria Contos, com o livro Terra nos cabelos.
Carol Dal Farra
Poeta, rapper, slammer e graduanda em Geografia pela UFRJ. Estrelou o curta Mc Jess pelo qual recebeu o prêmio de “melhor atuação” do Festival Mix Brasil o maior festival LGBTQI+ da América Latina. Foi uma das poetas convidadas para realizar a primeira batalha de Slam no Rock in Rio em 2019. Seu poema “Na ponta do abismo”, foi publicado no livro “Querem no calar: poemas para serem lidos em voz alta.
MC Martina
Diretamente do Complexo do Alemão (RJ) a rapper, poeta e produtora MC Martina já vem deixando sua marca na cena cultural do país. Idealizadora do Slam Laje, a primeira batalha de poesia falada do Complexo do Alemão, e um dos slams pioneiros a serem realizadas dentro de uma favela no Estado do Rio de Janeiro.
Sobre Conexões Literárias
Coletivo autônomo e independente financiado por quem acredita na literatura como ferramenta de transformação, o Conexões Literárias surge para estabelecer uma nova dinâmica no circuito cultural do Rio Grande do Sul. A iniciativa pretende agir como uma rede de intersecções culturais voltada para o Fazer comunitário e para promover a produção de conhecimento e das identidades urbanas brasileiras. O coletivo é uma iniciativa dos escritores Atena Beauvoir, Janove, Bruno Negrão, Tiatã e Mariana Minhote com apoio de Literatura RS.
Serviço
2º Festival Conexões Literárias: Distanciamento social sempre existiu!
Quando: De 5 a 8 de novembro de 2020
Onde: facebook.com/festivalconexoesliterarias e instagram.com/festivalconexoesliterarias
Por: Vitor Diel