“não passa vontade”, o novo clipe das ANAVITÓRIA, traz uma novidade e uma surpresa. A novidade é a parceria inédita com DUDA BEAT, a empoderada rainha da sofrência pop, brilhando com seu sotaque pernambucano. A surpresa é cinematográfica. Por sugestão da própria dupla, os produtores fizeram uma seleção de filmes cult do início desse século e escalaram Ana, Vitória e Duda como atrizes para lembrar algumas das cenas que mais marcaram a geração delas.
O talento musical a gente já conhece: “não passa vontade” navega pela onda pop da dupla, trocando os violões pela batida eletrônica suingada, até ser invadida pela força da nordestinidade dos vocais de DUDA BEAT. O carisma dramático elas mostraram no filme “Ana e Vitória” (2018), mas agora as meninas e a equipe técnica precisaram encarar um desafio maior: reproduzir as cenas da maneira mais fiel possível, o que inclui figurinos, cenários, atuação, iluminação, enquadramentos e movimentos de câmera. O resultado ficou incrível.
Logo na primeira cena do clipe, quem vê Vitória descendo de um ônibus verde, usando uma peruca de cabelos louros e lisos, pode jurar que se trata de Gwyneth Paltrow em “Os Excêntricos Tenenbaums”, caminhando ao encontro de Luke Wilson. Só que Wilson virou Ana Clara, com direito à indefectível faixa de tenista na cabeça, um dos símbolos da excentricidade que o diretor Wes Anderson coloca em quase todos os seus personagens.
Parece fácil, mas imagina o esforço que foi colocá-las correndo atrás de uma Kombi para entrar no carro em movimento? Uma das cenas mais engraçadas de “A Pequena Miss Sunshine”, foi também a que mais divertiu Ana Clara: “a caracterização estava muito igual”. “A gente ficava rindo muito uma na cara da outra”, completa Vitória, que ficou fascinada com a possibilidade de ter um túnel “só pra elas”. É que para reproduzir a cena de Emma Watson em “As Vantagens de Ser Invisível”, elas literalmente pararam o trânsito de um túnel em São Paulo.
Já a cena que mais agradou à dupla foi aquela em que as ANAVITÓRIA e DUDA BEAT dividem uma banheira, que capta bem a delicadeza e a ousadia da obra-prima “Os Sonhadores”, de Bernardo Bertolucci, uma história intimista ambientada em meio aos protestos estudantis de 1968 em Paris.
Outro filme que muita gente deve reconhecer de cara é “Encontros e Desencontros”, de Sofia Coppola, já que a cena de Scarlett Johansson cantando de peruca no karaokê em Tóquio se tornou um clássico. Só que aqui as três entoam os versos de “não passa vontade”. O diretor Gabriel Dietrich revela que a gravação dessa cena foi um tremendo desafio, pois DUDA BEAT tinha que imitar a coreografia de Scarlett no ritmo da nova canção.
O único filme citado que foi feito no século passado (em 1999, pra ser mais exato) é o delirante “Quero Ser John Malkovich”, de Spike Jonze, em que o personagem de John Cusack descobre uma firma que cobra para que fãs possam entrar na mente do ator John Malkovich sem que ele saiba! Aquela profusão de máscaras de DUDA BEAT reproduz a arte do belo cartaz do filme.
E se a fantasia se tornasse realidade e as ANAVITÓRIA pudessem entrar na mente de alguém, de quem seria? Vitória diz na lata: “Eu gostaria de entrar no corpo da Beyoncé. Mais do que entrar na cabeça do ser humano, eu queria ter as experiências que aquele corpo vivencia!”. Ana Clara também vai por um caminho semelhante mas, digamos, menos intenso: “Gostaria muito de sentar num piano e ter muita fluência com os dedos pra tocar coisas incríveis e absurdas, então eu seria o Brad Mehldau por um dia”.