Nesta quinta-feira (7), a Fundação Iberê estará fechada para serviços de manutenção do prédio. O centro cultural volta a abrir na sexta, sábado e domingo (8 a 10), com agendamento prévio pelo Sympla. E nos dias 11 e 12, excepcionalmente, a entrada será gratuita e por ordem de chegada, conforme lotação máxima permitida.
Atualmente, a Fundação está com todos os andares ocupados com exposições, entre elas a mostra Iberê Camargo: Tudo te é falso e inútil, no segundo andar. Com curadoria do artista Lucas Arruda e de Lilian Tone, que até recentemente integrou o Departamento de Pintura e Escultura do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), a seleção gira em torno da série que dá nome à exposição e destaca obras dos últimos anos da carreira do pintor, incluindo 14 pinturas e 35 guaches e desenhos realizados entre os anos 1990 e 1994. Tudo te é falso e inútil, finalizada um ano antes da morte do pintor, é considerada um dos momentos mais memoráveis de sua obra e tem especial importância para outros artistas.
A partir da documentação preservada por Iberê Camargo e tantas outras consultadas, é possível afirmar que esta é a primeira mostra a exibir as cinco pinturas juntas. Nem mesmo Iberê as viu reunidas em uma exposição.
“Em Tudo te é falso e inútil, Iberê tenta captar esse momento em que as coisas perdem sentido. No entanto, a despeito da atmosfera distópica, da evidente falta de otimismo manifesta nas pinturas, é notável a capacidade desse trabalho de gerar um consolo à inquietação existencial do ser humano”, destaca Arruda, que também realiza, pela primeira vez, uma exposição individual em um museu brasileiro, bem como apresenta todo o conjunto de obras da série Deserto-Modelo ― paisagens e monocromos pelas quais o artista se tornou conhecido internacionalmente, além de trabalhos em vídeo e instalação que integram a mesma pesquisa ― lado a lado com pinturas que as precederam, incluindo as da série Chiesa.
Lucas Arruda: Lugar sem lugar, no terceiro andar, permite um olhar retrospectivo sobre a trajetória do artista nos últimos doze anos. Para a curadora Lilian Tone, “as paisagens, matas e monocromos da série Deserto-Modelo se diferenciam por uma luminosidade insólita e sutil que se revela aos poucos, recompensando uma observação prolongada. Pintadas de memória, suas paisagens são desprovidas de pontos de referência geográficos específicos. Cada pintura contém sua atmosfera distinta, criada pela forma como a pintura é aplicada, suas cores, sua luz. No limite da abstração, as obras são sustentadas pela presença da linha do horizonte, que por vezes é quase imperceptível. Seus formatos relativamente íntimos convidam o espectador a uma proximidade física e uma atenção concentrada. Arruda destaca a materialidade e a fisicalidade das pinturas através de pinceladas, riscos, transparências e impastos, que nos remetem a outros momentos da história da arte. No entanto, é o retrabalhar contínuo das mesmas configurações e a repetição de imagens ao longo de muitos anos que conferem um significado singular ao seu trabalho.”
Aquarelas de Nemer e o universo urbano de Melim
Até o dia 19 de dezembro, a Fundação Iberê apresenta, no átrio, a exposição Nemer – aquarelas recentes. A mostra é a continuação de uma série que vem sendo apresentada desde os anos 1990 e reúne 20 obras produzidas sobre papel francês. São quadrados, retângulos, grelhas, hachuras, círculos, trapézios, elipses, cruzes e arcos que povoam peças de diferentes formatos, começando com 100 x 100 cm, até o inusual, pelas grandes dimensões, formato de 150 x 200 cm.
Chama a atenção em suas aquarelas o preto, uma cor pouco usada na técnica e terminantemente proibida na época em que estudou na Escola de Belas Artes: “Durante o curso, senti uma atração muito grande pela aquarela como técnica. Cada vez que eu começava a pintar, os professores vinham e diziam: ‘a aquarela tem que ser mais transparente, e você está pesando muito. Isso aí está mais para guache do que para aquarela’. Outras vezes, colocava um preto, e eles voltavam e falavam: ‘atenção, nunca se usa o preto na aquarela’. Foi aí que guardei a aquarela e me dediquei ao desenho. Os anos passaram e, em um processo terapêutico, resolvi fazer algumas reflexões desenhadas e com aquarela. E, sintomaticamente, comecei pelo preto e nunca mais parei”, conta.
E em cartaz até o dia 31 de outubro, a exposição do paulista Daniel Melim traz para o centro cultura a arte urbana, nem sempre vista com bons olhos, mas que tem um papel fundamental como crítica social e de democratização dos espaços públicos.
As doze obras que ocupam o quarto andar são parte da pesquisa do artista, considerado um dos nomes mais importantes no cenário da street art, na pintura. O estêncil, as cores, as texturas, as camadas, o desgastado foram para as telas numa comunicação direta que questiona a nossa própria existência.
SERVIÇO | EXPOSIÇÕES
Nemer – aquarelas recentes
Exposição: átrio
Visitação: até 19 de dezembro de 2021
Iberê Camargo: Tudo te é falso e inútil
Exposição: segundo andar
Visitação: até 30 de janeiro de 2022
Lucas Arruda: Lugar sem lugar
Exposição: terceiro andar
Visitação: até 16 de janeiro de 2022
Daniel Melim: Reconstruçao
Exposição: quarto andar
Visitação: até 31 de outubro de 2021
Horários: 14h às 18h (última entrada)