Espetáculo feito “Quando eu me chamar Saudade” tem estreia online

Foto: Alessandro Quevedo

Com elenco formado exclusivamente por travestis e transexuais, o espetáculo Quando eu me chamar Saudade estreia no próximo mês com três sessões online transmitidas pela plataforma Cubo Play.  De 11 a 13 de novembro, sempre às 20h, o público poderá conferir a montagem que discute o amor e a tolerância de maneira simples, bem-humorada e emocionante. Os ingressos estão à venda em www.cuboplay.com.br com preço único de R$ 20.

Produzida em Porto Alegre a partir de um laboratório de montagem cênica que teve participação de mais de 30 pessoas, a peça faz uma releitura de uma narrativa ciscentrada sobre transgeneridade. O roteiro teve como base o espetáculo Avental todo sujo de ovo, escrito pelo dramaturgo cearense Marcos Barbosa, mas ganhou adaptações e inserções a partir de textos autorais e relatos pessoais de diversos integrantes, incluindo o elenco formado por seis artistas trans: Artemísia VulgarisCristiana Carolina dos Reis FernandesDandaru CordeoliMagnólia XavierMalka Kunst e Zaire Rodrigues.

A peça conta a história de Indienne que, quase 20 anos depois de fugir de casa para conseguir ser ela mesma, decide voltar. Através de memórias, medo da rejeição, dúvidas sobre o futuro, afetos e encontros, ela luta para que ser travesti não seja sinônimo de não ter família. No reencontro com Alzira e Antero, seus pais, que dizem que sentiram sua falta, a montagem questiona o quanto eles estão dispostos a recebê-la como ela é de verdade. No texto original de Avental todo sujo de ovo, escrito por um cisgênero, a história era contada a partir da perspectiva da família. Em Quando eu me chamar Saudade, a narrativa passa a ser feita a partir do ponto de vista da personagem trans.

Com encontros presenciais e online realizados durante os últimos cinco meses, o grupo, que até então tinha pouca ou nenhuma experiência em teatro, teve aulas e exercícios para trabalhar interpretação, dramaturgia, direção, produção, iluminação e cenografia com diversos profissionais que participam do projeto, como o ator, diretor e arte-educador brasiliesense Xandre Martinelli, a cenógrafa Yara Balboni e o iluminador Ricardo Vivian.

“Conduzir esse processo como arte-educador foi, a cada momento, um exercício de mudança de olhar. Me deparei com o desafio de atualizar todo o meu arcabouço técnico-pedagógico ciscentrado para tentar promover ao grupo um espaço de segurança onde todes pudessem sentir-se livres para explorar, criar, errar e se relacionar. E o grupo me mostrou, enquanto arte-educador cisgênero, as minhas fragilidades e meus limites. E isso é aprendizagem, pra mim”, revela Martinelli.

“A participação nesse processo de criação foi de grande crescimento artístico e pessoal. Artístico porque aprendi muitas coisas do universo cênico, e pessoal porque me transformei como pessoa devido ao convívio maravilhoso com a equipe e participantes. Pude me entender melhor como mulher trans, devido às trocas e partilhas que o processo me ofertou”, conta Cristiana, que também atua como professora de ensino fundamental do Estado.

Realizado de forma gratuita, o laboratório de montagem cênica foi financiado com recursos do Governo do Estado do Rio Grande do Sul por meio do Pró-Cultura RS – Fundo de Apoio à Cultura. Disponibilizado exclusivamente para travestis e transexuais residentes em Porto Alegre ou na Região Metropolitana, o projeto teve como objetivo incentivar a profissionalização nas artes cênicas e dar a possibilidade para que novas pessoas pudessem começar suas carreiras artísticas. O valor dos ingressos das apresentações será usado para pagar os custos da produção e os lucros serão revertidos inteiramente como cachê para o elenco.

SERVIÇO – PROGRAMAÇÃO ONLINE – TEATRO
Quando eu me chamar saudade
De 11 a 13 de novembro
Quinta, sexta e sábado, sempre às 20h
Online, com transmissão pela plataforma de espetáculos ao vivo Cubo Play

Os ingressos custam R$ 20 e podem ser adquiridos em www.cuboplay.com.br
Mais informações no Instagram @quandoeumechamarsaudade


Duração: 70 minutos
Classificação etária: 12 anos

Por: Jéssica Barcellos