O cantor uruguaio Jorge Drexler voltou a Porto Alegre no último final de semana para apresentar o show da turnê de seu novo disco, ‘Tinta y Tiempo’, lançado em abril deste ano. O músico vem rodando o planeta com a turnê e Porto Alegre é sempre um capítulo à parte na carreira de Jorge. Os ingressos sempre esgotam e com uma antecedência enorme: neste ano os bilhetes para a primeira apresentação no Auditório Araújo Vianna, dia 25, acabaram em menos de uma semana, em abril, obrigando a abertura de uma nova data, dia 27. A turnê, que partiu de Girona (ESP) em abril, já passou pela Europa, América Latina e seguirá para os EUA até o final do ano.
As duas noites em Porto Alegre trouxeram à tona, novamente, a intensa relação do músico com a capital gaúcha. A reverência à cidade e ao público gaúcho é demonstrada por ambas as partes, com Jorge beijando o palco da sua ‘‘nave espacial preferida’ e a plateia ovacionando o artista a cada final de música nesta linda simbiose. Eram 20:15, do domingo, dia 25, quando a cantora gaúcha Paola Kirst subiu ao palco do Araújo Vianna para o show de abertura com sua voz aconchegante, suas improvisações vocais e seu bombo leguero para uma apresentação de 30 minutos. Pouco antes das 21 horas Drexler sobe ao palco para brindar os gaúchos com mais de duas horas de muita simpatia e cumplicidade com a plateia, que estava precisando desta lufada de leveza para suportar os próximos dias.
No setlist de 27 canções foram executadas todas as dez do álbum novo, sendo quatro já no início: “Plan Maestro”, “Corazón Impar”, “Cinturón Blanco” e “Bendito Desconcierto”, intercalados com antigos sucessos como “Deseo” (2004) e “Me Haces Bien” (2001), cantada em uníssono pela plateia com suas câmeras em punho. Antes de contar um causo de sua ligação familiar com os gaúchos da fronteira com o Uruguai, ele tocou “Fusión” (2005) e “Inoportuna” (2005), é trouxe de volta aos palcos “Era de Amar”, canção do disco ‘Radar’, que está prestes a completar 30 anos e sucedeu o álbum de estreia que vendeu apenas 33 cópias de fita cassetes, segundo relato do próprio.
“¡Oh, algoritmo!” e a faixa título já estavam na ponta da língua do público antes de executar “Asilo” (2017) e ”Salvapantallas” (2005). No momento de maior interação, Drexler disse que sabe o que o país está passando politicamente e torce muito para que o Brasil se livre logo deste obscurantismo, para tirar a tristeza do sempre alegre povo brasileiro. E que por não ser nativo não opinaria sobre o momento, mas manda: ‘não preciso falar nada, Chico Buarque já disse tudo em “Que tal um Samba?’’. E termina ovacionado e emocionado para declamar “Milonga del moro judío”.
“La Edad del Cielo”, cover espanhol do brasileiro Paulinho Moska e a mais nova parceria com Marisa Monte, em “Vento Sardo”, uma das nove indicações de Jorge Drexler ao Grammy Latino 2022, junto com “Tocarte”. “La Guerrilla de la Concordia”, “El día que estrenaste el mundo” e “Tinta y Tiempo”. Antes de sair para um bis fake, “Silêncio” (2017) fez a plateia obedecer a ordem de não dar nenhum pio por alguns segundos antes de a banda encerrar o show. E ao sair do palco, Drexler fez o “L” para o público, gerando uma pequena catarse entre os fãs.
Na volta bis, para não deixar a plateia parada e cantar em uma só voz “La Luna de Rasquí” (2014) e “Todo se Transforma” (2006), para encerra com a declaração de “Amor al Arte” já deixando saudades na plateia extasiada. Jorge Drexler em vários momentos ele agradeceu pela avassaladora venda de ingresso e pelo carinho sempre dispensado a ele.